Várias figuras, grupos e organizações teatrais foram distinguidas durante a segunda edição da Gala Máscara de Ouro do Teatro (GALMOTE), realizada no último Sábado, 20, no Memorial Dr. António Agostinho Neto (MAAN), na Baixa de Luanda. O evento rendeu ainda, a título póstumo, tributo a actores e actrizes que partiram para outro mundo, mas cujas obras e feitos continuam um legado presente no cenário teatral nacional
A segunda edição da GALMOTE distinguiu actores e actrizes do teatro que se destacaram pela positiva com os seus trabalhos durante o corrente ano, bem como grupos e organizações culturais que têm contribuído significativamente para o crescimento e engrandecimento das artes cénicas em Angola, particularmente o teatro. Em disputa estiveram doze categorias distintas que visavam reconhecer os trabalhos, o percurso e o contributo de todos os intervenientes do cenário teatral nacional, entre figuras singulares, grupos, organizações e empresas que actuam no sector.
A abrir a lista dos galardoados, a actriz Belmira Beatriz foi a primeira agraciada ao vencer a categoria “actriz revelação”, ao passo que Adriano Atenas foi o “actor revelação” e, directamente da província do Huambo, o Festival Angolano de Teatro de Monólogos (FAMO) venceu a categoria de “produção Galmote”. Em declarações à imprensa, Adriano Atenas disse que o prémio vai servir de combustível para impulsioná-lo a continuar a trabalhar com rigor e empenho. “Este prémio representa para mim o firmamento de uma caminhada que venho trilhando há vários anos.
Pensava eu que não estava a ser visto, mas afinal há sempre alguém a acompanhar os nossos trabalhos, então este prémio vai me servir de incentivo para continuar a trabalhar e evoluir cada vez mais”, disse o jovem actor, encenador e dramaturgo.
O prémio “Cenografia” foi atribuído ao actor e encenador Antônio Gonçalves, o de “Design Gráfico” foi para Nário de Sá Pinto, ao passo que o prémio de “Iluminação” no sector teatral foi para a empresa Aja Luz; Circuito Internacional do teatro eleito melhor festival Na sua segunda edição, a GALMOTE distinguiu também alguns eventos cuja repercussão se tornou uma marca indelével no sector teatral nacional.
Nesta senda, o Circuito Internacional do Teatro (CIT) foi o privilegiado da noite ao vencer a categoria de “melhor festival”. Ao grupo Amazonas Teatro foi atribuído o prémio de “Grupo Teatral” do ano. Já no quesito individual, o jovem Helton Francisco venceu a categoria “actor do ano”, Chance Elchaday venceu a de “Director do Ano” sendo que Elizabeth Guerra, actriz da província do Huambo, venceu a categoria de “actriz do ano”.
A jovem, pertencente ao projecto SOS Teatro, agradeceu à organização pelo reconhecimento do seu trabalho e frisou que o prémio é apenas o começo de uma grande jornada, onde as responsabilidades aumentam a cada dia que passa.
“O trabalho não termina aqui, este é o começo de uma grande jornada e a tendência é cada vez mais superar as expectativas. Acredito eu que com este prémio vêm mais responsabilidades e nós estamos aqui para superar os obstáculos no nosso dia-a-dia”, disse a jovem.
Emocionada pela distinção, a mesma dedicou o prémio a todos os fazedores teatrais da sua província, especialmente às mulheres, que considera serem vítimas de muita exclusão e discriminação no cenário artístico nacional, sobretudo na região centro-sul do país. Por sua vez, Helton Francisco, conhecido artisticamente por Agu Agua, considerou que o prémio vem em bom momento, sendo resultado de um trabalho árduo de mais de 20 anos de estrada marcada por muito sacrifício.
O actor e director teatral sublinhou que a distinção não é para si motivo de envaidecimento ou acomodação, mas um impulsionador para trabalhar afincadamente na sua arte e engrandecer a cultura nacional. “Este prémio não me conforta em nenhum momento, pelo contrário, só me dá mais combustível para continuar a dar o litro para o fortalecimento da arte teatral e para o engrandecimento da cultura de forma geral”, expressou o actor.
Homenagem aos actores finados marcada por emoção e nostalgia Nesta edição, a organização do GALMOTE reservou um momento para prestar tributo aos actores e actrizes do teatro que já não fazem parte do mundo dos vivos, mas cujas obras continuam um legado cada vez mais presente e de referência no cenário teatral nacional.
A título póstumo, foram homenageados no palco do GALMOTE figuras como Avelino Sebastião Viegas, actor que deu vida ao icônico personagem “o feiticeiro” conhecido como “velho Kamba Mbinji”; Helena Palma, actriz conhecida pelo personagem “mãe do Replay”, a actriz Rosa Cavela e tantas outras figuras do teatro nacional.
O momento foi marcado por fortes emoções e nostalgia, com alguns dos presentes a não conseguirem conter as lágrimas ao contemplarem o vídeo que passava na tela acompanhado de uma música reflexiva e fotos de cada homenageado.
O objectivo da homenagem, segundo a organização, é recordar, destacar e exaltar os feitos de actores e actrizes que, mesmo já não fazendo parte do mundo dos vivos, continuam presentes na arte nacional através das suas obras e feitos.
Prémios GALMOT quer reforçar a institucionalização do teatro
Ao falar à imprensa no final da Gala, o presidente da Associação Angolana de Teatro (AAT), Tony Frampénio, disse que, além de reconhecer e prestigiar os intervenientes do sector teatral, os prémios Galmot servem de reforço para a aplicação dos três eixos que norteiam a política de gestão e actuação da direcção da associação. Os referidos eixos, segundo o líder daquela associação, têm a ver com a institucionalização, a formação e massificação do teatro nacional, tornando-o um elemento fundamental no processo de educação, transformação e conscientização da sociedade angolana.
“É antes de mais um sentimento de dever cumprido. Há dois anos que nós assumimos a direcção da AAT e com esta gala nós estamos a trilhar passos que para nós são significativos, que são os passos de três eixos: que são a institucionalização, a formação e massificação do teatro”, disse.
O mesmo sublinhou que a realização da GALMOTE marca especialmente os dois anos de sua liderança na associação que trabalha afincadamente para devolver ao teatrão o prestígio e o valor que sempre teve.
“Essa gala simboliza todos esses passos que temos vindo a dar nos 25 anos de existência da ATT, mais precisamente os dois anos desta quinta direcção que está a trabalhar arduamente para devolver ao teatro o prestígio e a honra que sempre teve no espaço cultural nacional”, reforçou o presidente da associação teatral.
Além das premiações e homenagens, a segunda edição da GALMOTE serviu, também, para distinguir, com diplomas de mérito, algumas instituições culturais e não só que têm servido de reforço e suporte das artes cénicas no país, entre elas destacam-se o Ministério da Cultura, o Palácio de Ferro, o CEART, o Instituto Guimarães Rosa, a Fundação BAI, o Instituto Português-Camões, o Governo Provincial de Luanda, o Elinga Teatro, entre outras.









