O concerto intimista com a cantora Ângela Ferrão ficou marcado por uma noite de emoções profundas e gestos de amor que foram além da música. No palco do Miami Beach, no sábado, 04, em Luanda, o evento de cariz solidário reuniu artistas, amigos e admiradores com o objectivo de angariar fundos para apoiar o tratamento de saúde do seu pai, o veterano músico Lito Ferrão
Nomes sonantes da música nacional como Gabriel Tchiema, Kanda, Totó e Yuri da Cunha juntaram-se à causa num verdadeiro acto de fraternidade. Mais do que um espectáculo, o evento foi um tributo à vida, à fé e à força dos laços familiares.
Entre melodias, aplausos e abraços, o público testemunhou um gesto de gratidão que uniu gerações e tocou corações. Durante o espectáculo, Ângela interpretou temas dos seus álbuns “Raízes” e “Wanga”, obras que sintetizam o seu compromisso com a cultura angolana e com as suas próprias origens.
“Cantar em prol da saúde do meu pai tem tudo a ver com gratidão — gratidão a Deus, à vida e aos artistas que aceitaram estar comigo neste momento. Gostaria de poder fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para o ver bem. Este concerto é um passo muito grande”, declarou a cantora, visivelmente emocionada. Um dos momentos mais marcantes foi quando Ângela, o pai e a filha partilharam o mesmo palco — três gerações unidas pela música e pelo amor.
E quando Ângela, Lito e a pequena filha se uniram em harmonia, ficou claro que a música é o fio invisível que costura o amor — e este, sim, é eterno. Entre notas e emoções, a cumplicidade entre pai e filha mostrou que há heranças que o tempo não apaga.
A família Ferrão reafirmou, assim, o seu papel incontornável na história da música angolana. “Canto com o apoio do meu pai desde os cinco anos, mas esta é a segunda vez que actuamos juntos. Cada vez é mágico. Continuo a aprender com ele — Deus e o meu pai são os grandes responsáveis pela minha carreira”, declarou com a esperança de ver o ser pai melhor.
O legado Ferrão
Entre agradecimentos e canções, Ângela revelou estar a preparar um novo projecto musical em família. A cantora afirmou que pretendia absorver mais da experiência do pai e dos irmãos, acrescentando que havia muita música guardada no baú familiar que merecia ser explorada.
O segundo CD da artista, ainda em divulgação, também foi comercializado no concerto. “Ainda não foi totalmente explorado, mas a resposta positiva do público mostra que o trabalho tem sido bem recebido ”, disse.”
Irmandade e partilha entre convidados Ao falar dos convidados, Ângela explicou que a selecção dos artistas convidados foi guiada pela irmandade e pela partilha, também, por serem artistas com os quais se identifica profissionalmente. A cantora agradeceu com emoção a presença dos mesmos no concerto, por terem vivenciado aquele momento de grande relevância para si.
“Estamos num período marcado pelos 50 anos da independência, e as agendas estão cheias. Mesmo assim, vieram — não por dinheiro, mas por amor e solidariedade”, enalteceu.
Com o olhar firme e voz tranquila, a cantora confessou sentirse mais segura do que nunca. Segundo a Artista, não que nos outros dias não estivesse, mas ao partilhar o palco com colegas com quem sempre desejou foram para si momentos únicos. Isso por serem artistas fiéis, que permitiram o público viajar pela sonoridade das músicas africanas e angolanas.