O cantor brasileiro Ricardo Vilas afirmou que gravar um álbum com a Banda Maravilha representa a realização de um sonho — um projecto que une os ritmos do samba e do semba, numa colaboração musical que também celebra a amizade entre artistas do Brasil e de Angola
“É um sonho que se realiza fazer um álbum e um projecto com a Banda Maravilha, considerada a embaixadora do Semba em todo o mundo. É muito bom musicalmente, fraternalmente, e pela amizade.
Tudo isso é algo muito especial”, destacou Vilas durante o concerto realizado no Palácio de Ferro, na sexta-feira, 17, em Luanda. Após a estreia do projecto na província do Huambo, no dia 10, o concerto em Luanda reuniu mais de 200 pessoas, que acompanharam com entusiasmo a apresentação, a venda e a sessão de autógrafos do novo disco, intitulado “Vilas e Maravilha”.
O álbum reúne doze faixas que misturam os ritmos de Semba e Samba, com destaque para os temas “Kamukambe”, “Viola”, “Volta”, “Atlântida”, “Lá na Ilha”, “Feijão com Arroz”, “Lemba”, “Kia da Kia da”, “Mulher Chefe”, “Kunguibeta”, “Santana”, “Nosso Canto”, “Canta Meu Semba” e “Voando pra Luanda”. Segundo Ricardo Vilas, o álbum é fruto de um verdadeiro diálogo cultural entre Brasil e Angola.
“É um diálogo entre duas músicas e culturas, facilitado pelo fato de virem do mesmo tronco. Temos muito o que dizer, muito o que compor juntos”, disse. O artista revelou que o projecto ainda está em fase de divulgação e que uma turnê no Brasil está prevista ainda para este ano, podendo culminar em um segundo álbum com a banda. O músico defendeu ainda a importância das parcerias entre artistas angolanos e brasileiros.
“Aconselho todos os artistas a manterem os ouvidos abertos para todas as músicas boas. Colaborações entre Angola e Brasil são necessárias e sempre bem-vindas”, sublinhou. Vilas reforçou ainda seu compromisso de divulgar a música angolana no Brasil, que, segundo ele, ainda é pouco conhecida por lá, e vice-versa.
Música como ponte entre culturas Para Moreira Filho, um dos fundadores da Banda Maravilha, a música é uma forma poderosa de unir povos, culturas e artistas. “Estar ao lado de um cantor e compositor como Ricardo Vilas é uma honra. Este intercâmbio com o Brasil é um grande feito”, afirmou.
O baixista e cantor explicou que o álbum “Vilas e Maravilha” é resultado de uma amizade que começou em 2012, com mais de dez anos de trocas culturais e experiências entre os dois países. “Durante esse tempo, houve partilha de conhecimentos sobre música e cultura, tanto nas visitas que fizemos ao Brasil quanto nas vezes em que ele esteve aqui”, acrescentou.
Da academia ao palco
Por sua vez, o Ministro da Cultura, Filipe Zau, também marcou presença no concerto e chegou a dividir o palco com Ricardo Vilas, interpretando a música “Amigo Irmão”, composta pelos dois.
Zau relembrou que conheceu Vilas quando o cantor chegou a Angola para realizar uma pesquisa de doutoramento sobre “O Semba e o Samba”. “Naquela altura, a missão era académica.
Como o Ricardo também é antropólogo, foi aconselhado a falar com músicos, compositores e outras figuras ligadas à música nacional. O trabalho correu muito bem”, contou.