Teve início nesta segunda-feira, 22, a Campanha “Raízes Reconectadas – Unindo a Herança Angolana nas Américas”, uma parceria entre os Ministérios da Cultura e do Turismo, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD Angola) e a Câmara Americana de Comércio em Angola (AmCham)
O projecto tem como principal objectivo valorizar a localidade histórica de Massangano, transformando-a num destino de turismo cultural e espaço de memória afrodescendente, enquanto integra ações de desenvolvimento social e económico para as comunidades locais.
A iniciativa parte da visão integrada de transformar Massangano e o Corredor do Kwanza em referências de património cultural afro-descendente, aliando preservação histórica à promoção de oportunidades socioeconómicas.
Entre as ações previstas estão elencadas o apoio a pequenas e médias empresas de turismo; desenvolvimento de projectos de eco e agroturismo; capacitação de mulheres e jovens para integrar a cadeia de valor do sector; criação de memorial ao ar livre, exposições históricas e centros culturais e a candidatura do Corredor do Kwanza a Património Mundial da UNESCO.
Segundo a secretária de Estado da Cultura, Maria da Piedade, o projecto poderá tornar Massangano um lugar mais agradável, resiliente e simbólico, promovendo também a revalorização de outros locais históricos.
“Propomos que as acções da campanha estejam alinhadas com o fortalecimento dos laços com a diáspora, a preservação da história e cultura locais, e com a criação de oportunidades de negócios, geração de emprego e empoderamento de jovens e mulheres”, destacou.
Um chamado à diáspora
A representante do PNUD-Angola, Denise António, reforçou o apelo à colaboração de parceiros nacionais e internacionais para transformar Massangano num centro de memória, cultura e renovação.
“Para cerca de 100 milhões de pessoas na diáspora, Massangano pode ser mais do que uma história de dor e partida. Pode se tornar um símbolo de dignidade, uma ponte entre oceanos e gerações”, afirmou.
A campanha “Roots Reconnected”, disse, prevê a criação de um Jardim Memorial em homenagem aos antepassados; trilhas educativas; espaços culturais; formação comunitária; acções de turismo sustentável ao longo do rio Kwanza.
“Cada doação planta uma semente de dignidade. Cada gesto devolve um pedaço de identidade. Cada ato de generosidade constrói uma ponte entre tempos, oceanos e gerações”, concluiu Denise António, reforçando que Massangano deve ser lembrado não apenas como ponto de partida, mas como lugar de celebração do regresso.
Corredor do Kwanza: história que atravessa províncias
Classificado como Património Nacional, o itinerário fluvial conhecido como Corredor do Kwanza abrange diversas províncias. Historicamente, simbolizou o intercâmbio cultural, económico e social entre povos e reinos de várias regiões de Angola.
Para os historiadores, o corredor é um repositório vivo de memórias e identidade nacional, sendo essencial sua preservação e promoção como parte da construção de uma Angola que honra o seu passado e investe num futuro mais inclusivo e consciente.