Vários precursores da música infantil angolana, que iniciaram a carreira na década de 80, por intermédio do programa “Piô” da Rádio Nacional de Angola (RNA), defendem maior atenção e rigor na produção de letras e conteúdos para as crianças
A intenção é que os temas sejam educativos, próprios para esta faixa etária. Lucas de Brito, ou simplesmente Maya Cool, defendeu que os conteúdos para a música infantil devem seguir os mesmos passos que nos anos anteriores, no que diz respeito à apresentação das letras para as crianças, apesar da evolução do tempo.
A título de exemplo, frisou a música intitulada “Sorta”, do pequeno kudurista João, mas que pela idade acha o conteúdo inapropriado. “Há tempo para tudo. No meu tempo, não era permitido. A produção de música infantil está em baixa, diferente de outras décadas que mereceram maior atenção”, deplorou.
Maya Cool lembra que, na década de 80, havia compositores para músicas infantis, com destaque para a Cassé, Maria Luísa Fançoni, Moniz de Almeida, Eduardo Paim e tantos outros. Como músico, acredita que poderia contribuir nesta área, com a criação de bons conteúdos para crianças, isso, pela vasta experiência neste mercado.
Quem também divide da mesma opinião é o Joseca de Brito, que faz parte do grupo dos primeiros impulsionadores da música infantil angolana. Destacou que, actualmente o conteúdo das letras para música infantil está um pouco aquém da realidade.
Contou que, antes, havia professores e outras pessoas vocacionadas ao assunto que analisavam os conteúdos destes trabalhos para melhor orientar e entreter os mais pequeninos.
Lembrou do grupo formado pela RNA, composto por Maria Luísa Fançony, Guilherme Mogas, Octaviano Ferreira, entre outros, após a proclamação da independência nacional, em 1975.
“Antigamente, antes de gravarmos uma música, ela era devidamente analisada para que as letras tivessem um conteúdo educacional e próprio para as crianças. Actualmente as crianças lançam estes conteúdos como bem entenderem, cujas letras muitas vezes não passam por uma avaliação e correcção devida”, sublinhou.