Com o objectivo de valorizar a arte como motor de desenvolvimento cultural e social, incentivando a criatividade e o envolvimento das comunidades, foi lançado o projecto “Upanga”, na sexta-feira, 19, no posto de abastecimento da Pumangol, na Baía, em Luanda, com a parceria do artista visual e cineasta Binelde Hyrcan O primeiro ciclo foi dedicado ao tema “Os Sobas”, figuras centrais da tradição angolana, explorado em sessões que convidam os mais novos a reinterpretar o papel destes líderes comunitários.
A partir das suas visões, nasceram escultura concebida por Binelde Hyrcan, que foram instaladas neste espaço, transformando- o num ponto de encontro entre cultura e quotidiano. Na sua essência, o Projecto Upanga procura aproximar as comunidades da arte, envolvendo sobretudo as crianças em experiências criativas que lhes permitam conhecer e valorizar a sua herança cultural.
De origem Umbundu, a palavra que “Upanga” significa “fazer”, é uma ideia de movimento, de acção e de criação, que traduz o espírito desta iniciativa, que é dar vida às novas formas de expressão artística e promover a ligação entre gerações através da cultura.
O artista, mentor do projecto, explicou que o facto de as obras serem feitas com ferro, que pode ser reciclado, enquanto o betão prejudicial ao ambiente, pode suscitar debates, ou mesmo questionarem sobre a sua produção. “A arte é a única coisa mais neutra que existe, como a música, ou a dança.
Acho que essas actividades existem aí também para abrir essas portas. Ao ver isso as pessoas vão se questionar, vai haver debates, isso já é um bom passo, acho”, considerou.
Por sua vez, o CEO da Pumangol, Ivanilson Machado, avançou que a iniciativa surgiu há dois anos, através da necessidade de apoiar e dar visibilidade aos talentos na arte sem possibilidade de serem visíveis.
Por esta razão pretendem estender o projecto às outras províncias do país, com a intenção de se criar arte pública, onde as obras pudessem ficar em sítios públicos visíveis para todos.
“Então, foi assim que falámos no projeto “Upanga”, falámos com o Binelde, de que forma ele nos podia ajudar a descobrir, a dar voz, no fundo, àqueles pequenos artistas de Luanda e, quizá, das demais províncias”, sublinhou.
O projecto Upanga é um convite a olhar para as tradições como fonte de inspiração e, ao mesmo tempo, como ponto de partida para a inovação criativa. Através dele, a empresa pretende contribuir para uma Angola mais consciente do seu património cultural, mais aberta ao diálogo artístico e mais unida em torno do que a define enquanto povo.