Os instrumentos musicais hungo e o tambor chinguvo, assim como a dança Olundongo, foram elevados à categoria de Património Cultural Imaterial Nacional pelo Ministério da Cultura, nos domínios dos saberes e ofícios tradicionais
Em reação a esta acção do MinCult, o instrumentista Jorge Mulumba enalteceu a iniciativa e considerou ser um gesto que “demonstra a valorização dos nossos instrumentos musicais tradicionais”. Entretanto, o mesmo adverte a necessidade de se olhar para a promoção e divulgação destes instrumentos com acções práticas.
O instrumentista sublinhou que nos últimos anos tem-se assistido à elevação de vários instrumentos, ritmos, danças e até artefactos a património imaterial cultural nacional, mas em contrapartida, estes mesmos elementos, após a sua elevação, são outra vez “esquecidos”, e a sua valorização tem sido apenas teórica.
“Temos assistido nos últimos anos à elevação destes elementos a patrimónios culturais, e isso é uma grande iniciativa, mas o que a mim preocupa é a estagnação destes materiais. Depois desta elevação, quase que já não se faz nada para a promoção e valorização prática destes instrumentos”, advertiu o mesmo.
O também músico e professor artístico ressaltou que a elevação destes instrumentos deve ter um reflexo na vida das populações que os utilizam no seu dia-adia, uma vez que eles acabam sendo elementos capazes de potenciar o turismo cultural a nível do país e não só.
Apontou a criação de um plano de salvaguarda, que visa potenciar a divulgação destes instrumentos e outros na mesma condição, como uma solução prática para a devida valorização e promoção do mesmo.
Jorge Mulumba entende que não se pode falar de preservação ou valorização sem a devida divulgação, por esta razão, defende a necessidade de se divulgar cada vez mais a existência destes instrumentos, as suas composições, o historial assim como os papéis que desempenham no panorama cultural dos povos a que pertencem. “Não se pode preservar sem divulgar.
A ideia desta elevação prima-se apenas pela preservação, mas falta a componente divulgação. Se não se divulgam estes patrimónios morrem, deixam de ter a importância e o impacto desejado”, alertou.
Criação de plano de salvaguarda
No sentido de se inverter o quadro, Jorge Mulumba fez saber que, com a ajuda de outros entendedores da matéria, está a reunir um dossiê para brevemente apresentar ao MinCult onde consta um plano de salvaguarda de todos os elementos elevados a património cultural nos últimos anos.
Com o referido plano de salvaguarda, o instrumentista acredita que estarão bem delineadas as directrizes para o exercício prático de divulgação dos elementos patrimoniais, bem como a sua rentabilização, através da atração de turistas.
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