O Ecoar, um festival artístico e multidisciplinar, criado pelo Banga Colectivo — grupo de arquitetos e artistas angolanos sediados em Lisboa —, vai ser realizado no distrito de Sintra, na cidade de Lisboa, em Portugal, com o objectivo de congregar os filhos da mesma Nação, unidos pelo pluralismo linguístico que caracterizam as suas raízes culturais.
Partindo do facto de em Angola existirem dezenas de línguas nacionais que coexistem com o português, embora muito poucas cheguem às salas de aula, o evento tende a questionar a hierarquia linguística herdada do colonialismo e devolver à oralidade o estatuto de conhecimento, cultura e civilização. “O nome Ecoar vem da vontade de fazer ressoar o que ficou silenciado.
Escutar é um gesto político e afetivo, e é também uma forma de reatar o que o tempo e a história foram separando”, explicou Yolana Lemos, directora-geral do projecto, em entre vista ao site Bantumen.
A primeira edição, a decorrer nos dias 8, 10 e 11 de novembro, propõe escutar aquilo que sobreviveu fora do livro e da escola, histórias, canções, provérbios e modos de pensamento transmitidos pela voz.
A escolha de Lisboa, mais precisamente o distrito de Sintra, para esta primeira edição é justificada pelos laços africanos, especial mente angolanos, enraizados na origem e nas vivências das comunidades desta localidade da capital portuguesa.
É em Sintra onde estão concentrados os mais antigos grupos de imigrantes angolanos em Lisboa, ligados permanentemente pela história, pelas vivências e pela dinâmica do dia-a-dia daquela região que, apesar de pertencer à Europa, tem cada vez mais africanidade no seu ADN. Enquanto concelho, Sintra alberga uma comunidade significativa de afrodescendentes, muitas vezes unida pela experiência comum de habitar entre cá e lá, num limbo nem sempre fácil de gerir.
“Queríamos começar num lugar onde as tensões da luso fonia são mais visíveis. Há comunidades africanas que vivem em português, mas pensam noutras línguas. É nesse cruzamento que o Ecoar quer agir”, reforçou a directora do evento. O certame vai combinar música, dança, literatura africana, conferências, exposições, debates e leque de actividades multidisciplinares voltadas à promoção das línguas bantu na diáspora angolana.









