O escritor Fragata de Morais doou, na quintafeira (24), ao Arquivo Histórico Nacional, uma valiosa colecção composta por celos, livros e documentos raros, com o objectivo de contribuir para a preservação da memória nacional e servir como fonte de pesquisa para as futuras gerações
Entre o material entregue, destacam-se cerca de 12 colecções de quadros do pintor angolano Albano Neves e Sousa, falecido em exílio no Brasil. Segundo Fragata de Morais, as obras estavam guardadas em sua residência, o que motivou a decisão de encaminhá-las para uma instituição apropriada, onde possam ser cuidadas e compartilhadas com o público.
“Este é o motivo da minha presença aqui: fazer a entrega desta doação a um local adequado, que é o Arquivo Histórico Nacional. Ainda tenho outros materiais que serão entregues posteriormente, pois, devido à quantidade, precisam ser devidamente catalogados primeiro”, explicou o escritor.
Fragata revelou ainda possuir uma vasta colecção de discos de vinil, de artistas angolanos e estrangeiros, que também pretende doar. Considera fundamental que as pessoas comecem a reflectir sobre o destino de seus espólios culturais, pois, muitas vezes, filhos e netos desconhecem o valor do que herdam. “Vamos colocá-los à disposição das gerações futuras que visitarem o Arquivo, para que possam encontrar essa literatura antiga e consultá-la”, defendeu.
O escritor observa que esta doação constitui um primeiro passo simbólico, mencionando que há outros itens a serem entregues, como livros de diferentes épocas, origens e valores, os quais precisam passar por uma triagem adequada.
Referiu que este gesto também tem como objectivo contribuir para o resgate de valores morais e cívicos por parte da juventude, uma tarefa que, em sua visão, deve ser liderada por intelectuais, escritores e toda a sociedade civil — não apenas por igrejas.
“Alguém precisa dar o primeiro passo. Espero que, com este exemplo, outras pessoas que também possuam patrimônios importantes em casa e não sabem o que fazer com eles, sintam-se motivadas a entregá-los ao Arquivo Histórico, onde estarão preservados por muito tempo”, afirmou.
Fragata de Morais disse sair com o sentimento de dever cumprido: “Estou mais alegre e aliviado. Sempre que ia à biblioteca e via aqueles documentos sem saber o que fazer com eles, sentia um peso. Agora, sei que estão em boas mãos.”