O mini-documentário intitulado “As Feridas de um Médico”, de Edgar Seque, vai ser apresentado hoje, 10, na Universidade Católica de Angola (UCA), a partir das 08h30, um projecto de educação para a saúde com o qual o autor procura sensibilizar a sociedade para a dimensão humana na prática médica e a importância da empatia nos cuidados de saúde
O trabalho audiovisual produzido há sensivelmente cinco meses divide-se nos episódios “Os Médicos Também Choram”, “Nunca Me Vou Perdoar”, “Deixe-me Morrer, Doutor”, “Onde Estás, Deus?”, “O Nando Ressuscitou”, “Cancro da Mama”, “AVC” e “Suicídio”, com o objectivo de dar a conhecer o dia-a-dia do médico, as suas frustrações, alegrias, tristezas, durante a sua rotina laboral, voltada à medicina preventiva.
Diante das várias ocorrências que os profissionais da saúde têm vivido, Edgar Seque considera imperiosa a necessidade do funcionamento de um departamento nas unidades hospitalares, para os cuidados relacionados com a parte psicológica.
Ao falar do dia-a-dia de um profissional da saúde, descreve o médico como um cidadão comum, mas com uma bata branca, um estetoscópio, com o objetivo de entrar na unidade e salvar vidas.
Mas que, muitas vezes, entre um ensejo de salvar ou restabelecer a saúde, é surpreendido com situações que estão fora do seu controlo. “Estou a me referir a todos os profissionais, sobretudo voltados à saúde, preferencialmente os médicos e os enfermeiros, que lidam directamente com o processo de vida e morte.
Então, as feridas de um médico são todos os traumas, todas as cicatrizes que muitas vezes são ignoradas e que eles vão vivendo todos os dias e, muitas vezes, sem um auxílio ou acompanhamento psicológico”, sublinhou.
Um outro ponto assente neste documentário, segundo o médico, está relacionado com as práticas dos cidadãos, muitas delas erradas e que culminam em fatalidade. Deste modo, deseja ainda atrair o Ministério da Saúde para que sejam parceiros na divulgação de informação voltada à saúde.
Exibição em todo território nacional
Edgar Seque avançou que a primeira exibição do referido documentário ocorreu em Ndalatando. Com a apresentação hoje, em Luanda, almeja exibi-lo em outros espaços na capital do país, com base nos resultados que serão obtidos.
“Se puder, vamos exibir em público, numa noite de cinema, em alguma comunidade. Tudo vai depender do feedback que receberemos hoje. Nós vamos girar, vamos fazer uma turnê em muitas províncias, vamos, primeiro, encontrar o subsídio de apoio para conseguirmos espaço e fundos para conseguir sair a equipe e ir até as outras províncias e expor os vídeos”, descreveu.
Debate sobre o assunto
O evento inclui ainda momento cultural com o músico Eduardo Camulandi, e a mesa-redonda “Cuidar em Angola: Entre o Dom e a Dor”, com a participação de Margarida Correia, Pediatra e Directora do Hospital Pediátrico David Bernardino, Kanguimbo Ananás – Psicóloga e do promotor do projecto, o médico Edgar Seque para análise do assunto.
O autor
Edgar Oliveira Eduardo Seque, de 35 anos de idade, nascido aos 27 de Julho de 1990, natural de Luanda, Município de Cazenga. Formado em Medicina pela Universidade Privada de Angola (UPRA), no ano de 2019.
Actualmente, faz a especialização em Pediatria, exerce o cargo de director clínico no Hospital Provincial Materno-Infantil do Cuanza Norte (Cazengo). É escritor, com uma obra publicada, intitulada: Pensar grande (A esperança para um universo em caos).