Na quinta edição do ANGOTIC 2025, que teve lugar de 12 a 14 do corrente mês, no Centro de Convenções de Talatona (CCTA), em Luanda, o sector cultural também esteve em destaque com standards de exposição literária, artes visuais e plásticas, artesanato e até concertos musicais
Embora se tratasse de um evento centrado no sector tecnológico, a quinta edição do AngoTIC foi também um baluarte cultural que proporcionou espaço de visibilidade e expansão das várias artes que compõem o mosaico artístico angolano.
Num cenário onde a componente tecnológica era o centro das atenções e a “linguagem comum” entre as diferentes empresas e organizações participantes, o sector cultural viu “furo” para entrar, se expor e se deixar complementar pela tecnologia.
Durante os três dias de evento, antes mesmo de ter acesso às gigantescas tendas onde se encontravam expostas as diversas organizações, logo pela entrada estavam grupos de dança tradicionais que davam as boas-vindas ao público e convidados. Bem à lateral, um palco à beira da praça de alimentação pronto para proporcionar espectáculos inéditos com músicas ao vivo.
Já no interior, entre as centenas de standards de exposição tecnológica, artistas e artesãos expunham os seus trabalhos que também prendiam as atenções dos visitantes que acorriam ao CCTA para participar do AngoTIC 2025.
Proveniente da província do Namibe, Graciano Kakumba, conhecido artisticamente como ‘Rasta Kakumba’ foi um dos artesães que trouxe ao evento um leque de materiais e peças artísticas esculpidas por si.
A participar do evento pela segunda vez, o mesmo exibia na sua bancada uma variedade de artes, com vários materiais entre missangas, pulseiras, batuques feitos com pele de animal, bancos tradicionais, chapéus de pano e pele de animal, bolsas feitas de cachos de múcua, entre outras.
Ao OPAÍS, o jovem de 37 anos considerou o AngoTIC uma janela oportuna para a exposição também das artes e uma excelente oportunidade de encontrar um casamento entre as artes e a tecnologia. “É um evento bom e oportuno para nós, artistas, podermos também mostrar os nossos trabalhos.
Aqui podemos encontrar clientes, patrocinadores e quem sabe encontrar na tecnologia uma ferramenta boa para nos ajudar a executar melhor os nossos trabalhos”, expressou o artista. Bem ao seu lado estava também Waldemar André, um jovem artesão de 19 anos que trouxe ao evento chinelas de cabedais feitas à base de tecidos e pele de animais.
Além de chinelas, Waldemar, que trabalha nesta arte desde a sua infância, exibia também mochilas, brincos tradicionais, pulseiras, peças de roupas feitas à base de pele de animais e algumas peças de decoração caseira igualmente à base de tecido animal.
“Temos aqui de tudo um pouco para mostrar aquilo que sabemos fazer enquanto artistas de várias habilidades”, afirmou o jovem, acrescentando que gostaria que a organização pudesse dar um espaço maior e mais visível para que os artistas possam se expor tal como os feirantes de tecnologia.
Literatura e Costura
No lado oposto ao artesanato e à pintura, estavam expostos stands de literatura e de costura. Trazendo consigo várias obras literárias, maioritariamente literatura nacional e infantojuvenil, Luiza Silvestre marcou assim também a sua presença na V edição do AngoTIC.
A jovem, de 32 anos, frisou que, apesar de ser um evento tecnológico, a leitura é um factor importante em qualquer meio e considerou ser o elemento-chave para a transformação da sociedade.
Frisou que tudo começa com a educação, e que por mais que existam computadores, telefones e toda a tecnologia, não se pode descartar a importância que os livros têm no desenvolvimento colectivo e individual da pessoa.
Bem ao lado estava Divina Mateus, uma jovem costureira que exibia várias peças de roupas, bolsas de pano e outros acessórios de vestimenta produzidos à base da costura.
Chapéus de praia, abanos tradicionais, pastinhas, chinelas femininas feitas de pano e outras faziam igualmente parte dos stands exibidos pelas jovens que coloriam a ala reservada para a exposição artística