Num ano em que o país está a celebrar 50 anos de independência e soberania nacional, reflectir sobre o papel das artes na consumação da independência de Angola parece mais que oportuno, sendo a arte um elemento que sempre esteve presente e acompanhou cada etapa das lutas anti-coloniais
A realização, inédita, de um Congresso Nacional de Artes em Angola surge como uma almofada de oxigênio para reacender as esperanças de dias melhores para a arte nacional, trazendo subsídios para a construção de caminhos viáveis para o sector artístico em todo o país.
Os artistas reforçam que as artes sempre estiveram presentes em cada etapa da história de Angola e que não se pode falar de independência nacional colocando de parte a arte nas suas mais variadas disciplinas.
O certame, no entender dos seus intervenientes, configura-se numa ocasião oportuna para relançar as bases para o desenvolvimento das artes em Angola, combinando o presente e o passado para projectar o futuro.
Para o músico e produtor Vui Vui, é através de eventos do gênero que se podem colher subsídios para a construção dos alicerces que vão sustentar um mercado artístico mais organizado, mais coeso e capaz de alavancar a indústria cultural nacional, que para si se encontra adormecida.
“Espero que este congresso seja produzido do ponto de vista de um equilíbrio de opiniões, que se possam pôr de lado situações que não ajudam na transformação e no crescimento da nossa arte e que se encontrem algumas soluções que precisamos para a dignidade e desenvolvimento desta classe que tem potencial para impactar positivamente o PIB”, apontou o músico.
Já a cantora Gersy Pegado recordou que as artes, especialmente a música, sempre estiveram presentes na história do país, acompanhando de perto o desenrolar das lutas pela independência, e, portanto, defende que os artistas são uma força muito necessária para o desenvolvimento do país.
“As artes contribuíram grandemente para a concretização do país que hoje temos, e este certamente reflecte que definitivamente os artistas são uma força necessária para a construção de toda e qualquer sociedade”, defendeu a cantora.
Da mesma opinião partilhou o músico Voto Gonçalves, que recordou, com nostalgia, o papel que a música sempre teve na mobilização da juventude angolana que combateu o colono.
O experiente músico lamentou a ausência de grandes nomes da música popular angolana na caravana que está a realizar os concertos dos 50 anos de independência e ressaltou que não se pode deixar de parte os mais velhos que viram o içar num momento tão importante para a história do país como este.
“Os mais velhos que cantaram as músicas que animavam as tropas, que mobilizavam a juventude para o combate e que assistiram ao içar da bandeira não estão nesta caravana porquê? Alguma coisa não está certa e é preciso ensinar esta juventude de agora o valor desta conquista que eles pouco valorizam”, indicou o artista.









