OPaís
Sáb, 21 Jun 2025
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Publicações
Sem Resultados
Ver Todos Resultados
Jornal O País
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Publicações
Sem Resultados
Ver Todos Resultados
Jornal O País
Sem Resultados
Ver Todos Resultados

Com 48 anos de existência: Museu Nacional de Antropologia carece de técnicos e condições para conservação do acervo

Fundado em 1976, o Museu Nacional de Antropologia foi a primeira instituição museológica criada em Angola, após a independência. Actualmente, a instituição debate-se com inúmeras dificuldades no exercício de suas actividades, entre elas a carência de técnicos especializados, a falta de meio de transporte de apoio aos trabalhos e o número de funcionários, que é consideravelmente insuficiente para atender à demanda de visitas e outras necessidades

Bernardo Pires por Bernardo Pires
6 de Dezembro, 2024
Em Cultura, Em Cartaz
Tempo de Leitura: 7 mins de leitura
0
Com 48 anos de existência: Museu Nacional de Antropologia carece de técnicos e condições para conservação do acervo

Situado no bairro dos Coqueiros, na cidade alta da capital Luanda, ao longo dos 48 anos de existência, a instituição vem se afirmando como um espaço de unidade nacional, promoção, valorização, pesquisa e preservação dos elementos culturais dos diversos povos que compõem o mosaico cultural do país.

Em declarações à equipa de reportagem do Jornal OPAÍS, o director do Museu, Álvaro Jorge, falou das valências, desafios e dificuldades que a instituição tem enfrentado no exercício das suas actividades, bem como os projectos e acções futuras programadas para os próximos anos.

Apesar do seu vasto período de existência, que se reflecte no contributo que tem dado na preservação e conservação das raízes histórico culturais dos povos, sobretudo no que diz respeito à recolha e preservação de elementos mateiais, o Museu Nacional de Antropologia há anos que se vê limitado a desenvolver os seus trabalhos devido à falta de transporte e técnicos especializados.

Conforme o director, a instituição

não dispõe de se quer uma viatura para servir de apoio aos trabalhos de pesquisa, colheita de dados ou de recolha de peças para o acervo. Fez saber que as actividades de campo são feitas com recurso a transportes pessoais dos funcionários ou até mesmo com aluguer de táxis que, muitas das vezes, chega a ser dispendioso para a instituição, sendo que a mesma não possui fundo de manejo nem foi concebida para arrecadar receitas.

Carência de técnicos especializados

Já no que diz respeito aos quadros especializados, adiantou que o museu dispõe de um número de funcionários muito reduzido, carecendo, sobretudo, de técnicos especializados, desde linguistas, sociólogos, antropólogos, historiadores, entre outros, para o controlo e preservação das milhares de peças e objectos que compõem o acervo.

“Temos insuficiência de recursos humanos em determinadas áreas, se não mesmo no seu todo. Precisamos de educadores culturais, de guias, de antropólogos, historiadores e uma série de especialistas que é para reforçar a equipa de trabalho que são poucos”, adiantou o responsável.

Segundo o director, o museu conta actualmente com poucos quadros qualificados, ou seja, apenas seis técnicos superiores, dando conta da existência de departamentos sem nenhum técnico especializado, situação que dificulta a articulação de distintas actividades, sobretudo no campo da pesquisa.

Fez saber que o número de funcionários está abaixo do recomendável, o que limita a capacidade de trabalho, assim como a qualidade dos resultados das acções que são desenvolvidas pelo museu.

De acordo com o mesmo, para melhor desempenhar as suas funções, o museu precisa ser reforçado com equipamentos e sobretudo com quadros especializados.

Precisa, no mínimo, de um reforço de mais 25 funcionários para dar resposta àquilo que são as exigências e as necessidades das actividades desenvolvidas pela instituição.

“O museu dispõe de um total de 20 funcionários, desde equipa administrativa, pessoal de limpeza, a técnicos especializados. Um número muito aquém daquilo que é o estipulado pelo nosso estatuto orgânico, que prevê um mínimo de 45 funcionários face à dimensão do museu e os trabalhos que aqui são desenvolvidos”, reportou.

Mais de 6 mil objectos em risco por falta de climatização nas salas

Além da carência de técnicos especializados, o director manifestou também a situação das salas de exposição que, a maioria, não têm climatização, o que coloca em risco o acervo do museu, que a esta altura conta com um stock em torno de seis mil peças, de várias origens e especificidade cultural.

Segundo explicou, existem objectos que não podem absolver calor nem humidade sob risco de ficarem degradados e decomporem-se, por esta razão, considera indispensável que as salas de exposição estejam devidamente equipadas com materiais adequados de climatização e iluminação.

“Há determinadas matérias ou peças, como por exemplo fibras vegetais, a madeira, são materiais que, com o calor e a humidade, têm um impacto negativo na conservação do mesmo, daí a necessidade das salas estarem devidamente equipadas”, explicou Álvaro Jorge.

O responsável entende que, até certo ponto, algumas limitações que o museu apresenta devem-se ao facto de estar a funcionar num espaço adaptado, ou seja, numa infraestrutura que não foi concebida para este efeito, além de ser um palácio já muito antigo, construído na era colonial.

A par dos aspectos climatéricos das salas, algumas partes da infraestrutura do museu encontram-se degradadas, carecendo de intervenção, uma situação que o director garantiu já ser de domínio do Ministério da Cultura, que já está a tratar do assunto.

Segundo informou, há já uma empresa de construção que está a fazer levantamento dos dados e posteriormente arrancar com a empreitada de reestruturação das referidas parte, embora ainda sem data de início da empreitada.

Limitação do número de visitas

Devido ao reduzido número de funcionários e às condições climatéricas das salas, Álvaro Jorge explicou que a sua equipa tem optado por estratégias de limitação do número de visitantes para que consigam fazer o acompanhamento a cada indivíduo ou grupos que decidam visitar o museu.

Detalhou que, geralmente, tendo em conta também, o tamanho das salas de exposição, que não cabem muita gente em simultâneo, temse optado por selecionar pequenos grupos, repartidos em menos de 20 pessoas, para entrar ao museu e visitar as respectivas salas, enquanto outros tendem a ficar no pátio ou noutros compartimentos a aguardar por causa do espaço que é limitado.

“Tendo em conta que o museu funciona num espaço adaptado e visto que as salas são pequenas e apertadas, urge para nós fazermos uma gestão adequada sobre quantas pessoas podem caber nas salas, em simultâneo, para evitar transtornos ou situações constrangedoras”, justificou o director. Ressaltou que, em média, o museu chega a receber entre 300 a 500 pessoas por semana, sendo a maioria alunos do ensino geral.

Falta de parque de estacionamento inibe visitantes

Por estar situado no centro da cidade, numa área repleta de inúmeras infraestruturas e instalações empresariais e ministeriais, o Museu de Antropologia recepciona dezenas de visitantes que se fazem acompanhar de suas viaturas, mas debatem-se com a falta de espaço para estacioná-las.

Para o director, a falta de um parque de estacionamento é a primeira e a mais visível barreira com que os visitantes se deparam logo ao chegar ao museu. Relatou que há casos em que os visitantes, sobretudo turistas, desistem de visitar o museu por não encontrarem espaços para colocar as suas viaturas, sob receio de serem furtados os pertences no interior ou riscadas as viaturas quando colocadas na via pública.

Desde a sua gênese, o Museu tem se assumido como uma instituição de carácter científico, cultural e educativo, vocacionada à recolha, investigação, conservação, valorização e divulgação do património cultural nacional através dos registos e arquivos (peças e objectos históricoculturais) existentes na sua galeria.

Álvaro Jorge destacou o papel da sua instituição na preservação da história e das raízes culturais da Nação, tendo sublinhado que a função dos museus é de fazer com que as futuras gerações conheçam a história através do contacto directo com as peças e artefactos expostos nos acervos museológicos.

Considerou que as peças não são feitas apenas para a actual geração nem para a geração dos nossos antepassados, mas que “os objectos devem ser preservados para contar a nossa história às futuras gerações” e que, para tal, “precisam de ser devidamente conservados”.

Apoio à pesquisa e investigação científica

Álvaro Jorge ressaltou que, enquanto instituições de preservação e valorização da cultura, os museus desempenham um papel indispensável no desenvolvimento cultural do país, e a sua instituição se destaca com particularidade por conciliar as componentes culturais, históricas e científico-pedagógicas. “Além da componente histórica e cultural, ele serve também de fonte de pesquisa científica para os estudantes e não só, sobre a origem dos nossos povos, suas raízes culturais e suas vivências”, explicou o responsável.

Composto de áreas como museografia e restauro, animação, educação cultural e investigação, o museu de antropologia conta com 14 salas distribuídas por dois andares que abrigam peças tradicionais, designadamente utensílios agrícolas, de caça e pesca, fundição do ferro, instrumentos musicais, joias, peças de pano feitas de casca de árvore e fotografias dos povos khoisan.

Projectos Futuros

Entre os projectos programados para os próximos anos, de acordo com o director, consta a iniciativa de parcerias que visam aumentar a visibilidade do museu e atrair cada vez mais visitantes.

Neste quesito, Álvaro Jorge adiantou que o museu está a trabalhar com várias empresas privadas que vêm realizando actividades no pátio com o intuito de incitar o público a visitar o espaço e se interessar pelo acervo ali exposto.

Entre as actividades destaca-se a “Feira de Gastronomia e Cultura” que se realiza no pátio do museu, bimensalmente, com o objectivo de acolher cerca de centena de pessoas, de todas as faixas etárias, com o propósito de estimular o hábito e interesse das pessoas em visitar aquela instituição museológica.

Além de atrair visitantes, a iniciativa visa também arrecadar fundos, com a venda de ingressos e bens alimentares, para a manutenção dos serviços mínimos do referido espaço museológico.

“O museu não pode ser um espaço de silêncio e isolamento, o museu deve realizar actividades para dinamizar o público e por isso abraçamos esta iniciativa de acolher eventos aqui no nosso pátio, que por sinal tem tido impacto positivo”, ressaltou o director.

Parceria com agências de viagens

Outra iniciativa que o museu vem abraçando, com o objectivo de atrair visitantes, especialmente turistas (nacionais e estrangeiros), é de parceria com agências de viagens que, regularmente, vão trazendo dezenas de pessoas para conhecer o museu e aprender um pouco sobre a história de Angola.

A iniciativa, de acordo com o director, é resultante de uma parceria entre o museu e a agência Travel, que tem dado algum dinamismo no fluxo de visitas ao museu, trazendo vários turistas, sobretudo cidadãos estrangeiros que visitam Luanda pela primeira vez.

Adiantou que o museu vai dar continuidade a estes projectos e lançar outros que, até ao momento, ainda estão a ser devidamente estruturados e, a partir de Janeiro do próximo ano, já estarão prontos para serem divulgados com detalhes.

Bernardo Pires

Bernardo Pires

Relacionados - Publicações

João Rosa Santos lança “Caixa Preta – Poemas do Acaso” no Brasil
Cultura

João Rosa Santos lança “Caixa Preta – Poemas do Acaso” no Brasil

31 de Maio, 2025
Festival Balumuka vai homenagear mestre Kamosso
Cultura

Festival Balumuka vai homenagear mestre Kamosso

17 de Maio, 2025
Há 44 anos morria Bob Marley, ícone do reggae
Em Cartaz

Há 44 anos morria Bob Marley, ícone do reggae

11 de Maio, 2025
Lopito Feijó vence eleicções na União dos Escritores Angolanos
Sem Categoria

Lopito Feijó vence eleicções na União dos Escritores Angolanos

10 de Maio, 2025
OPais-logo-empty-white

Para Sí

  • Medianova
  • Rádiomais
  • OPaís
  • Negócios Em Exame
  • Chiola
  • Agência Media Nova

Categorias

  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo
  • Publicações

Radiomais Luanda

99.1 FM Emissão online

Radiomais Benguela

96.3 FM Emissão online

Radiomais Luanda

89.9 FM Emissão online

Direitos Reservados Socijornal© 2025

Sem Resultados
Ver Todos Resultados
  • Política
  • Economia
  • Sociedade
  • Cultura
  • Desporto
  • Mundo

© 2024 O País - Tem tudo. Por Grupo Medianova.

Este site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você está dando consentimento para a utilização de cookies. Visite nossa Política de Privacidade e Cookies.