Uma mesa-redonda com o tema “Angola em Estado de Arte” vai analisar a situação actual do cinema, das artes plásticas e do teatro no próximo sábado, 26, a partir das 9 horas, no auditório da União dos Escritores Angolanos (UEA), e terá como prelectores o artista plástico António Tomás “Etóna”, o actor Walter Cristóvão e o cineasta André Gomes, moderado por Francisco Makiesse
O evento, que se enquadra nas celebrações dos 50 anos da independência, contará com a presença da classe artística e permitirá uma reflexão sobre a realidade das artes nacionais — desde os desafios, progressos, retrocessos, vitórias e dificuldades, até a sua inserção no contexto global.
Segundo o artista plástico António Tomás “Etóna”, a sua intervenção trará à discussão temas como a arte e as suas funções. Pretende abordar o estado actual da arte, reflectindo sobre “como estão as coisas”, enfatizando que, ao falar de arte, não se deve limitar a análise apenas a Angola, mas considerar também o panorama continental. O artista observa que o comportamento da arte em Angola e no continente africano aparenta estar em condições semelhantes.
Questionado sobre como analisa o estado da arte no país, destacou que, de forma geral, o desenvolvimento científico relacionado ao “processamento da arte” ainda enfrenta problemas graves.
Para melhorar esse quadro, defende a necessidade de envolver cientistas especializados em cultura, técnicos e outros profissionais do sector. Segundo ele, é essencial organizar o sector de forma estruturada e unir esforços.
Outro passo fundamental, acrescentou, é seleccionar cuidadosamente os profissionais da área, “arrumar a casa” e garantir que o sentido básico da arte prevaleça, evitando conflitos de interesse. Etona faz ainda um apelo aos jovens para que evitem a vaidade e continuem a aprender com os mais experientes, caminhando ao lado destes e seguindo os seus passos.
Teatro cresce em número e em organização
Por sua vez, o actor Walter Cristóvão revelou que irá apresentar o resumo de uma pesquisa que vem realizando sobre as principais referências do teatro angolano, com ênfase para o período pré-independência e os esforços realizados para criar um teatro com matriz angolana, além da evolução no pós-independência.
Walter destacou o papel da Assatij e da Direcção Provincial da Cultura, que estiveram na origem do projecto “Noites de Teatro às Quintas-feiras”, bem como o início do movimento associativo, com a criação da Associação Angolana de Teatro (AAT).
“Farei também uma incursão ao mítico teatro que acolheu um dos maiores prémios de teatro de todos os tempos, além de abordar o Prémio Nacional de Teatro e o surgimento das escolas médias e superiores de artes.
Falarei ainda de algumas figuras de referência do teatro nacional e das eleições mais competitivas até agora na história do teatro”, disse. Walter Cristóvão ressaltou que o teatro angolano está a crescer consideravelmente do ponto de vista numérico e associativo, destacando a crescente presença da academia no seio das artes e da sociedade.
No entanto, observou que ainda há falhas nos elementos cenotécnicos (cenografia, iluminação, som, entre outros). Enfatizou ainda a ausência de prémios no sector, o que obriga muitos projectos a se adaptarem a festivais competitivos para obter reconhecimento. “Meu conselho à classe artística é que estude, leia mais e vá às academias buscar mais ciência”, concluiu.