O projecto, resultante da quarentena forçada pela pandemia da Covid-19, foi idealizado pelo professor de música Justino Ginzamba e iniciou com um pequeno grupo de crianças, por sinal, filhos e sobrinhos seus. Na altura, a mais nova integrante da referida formação tinha apenas 4 anos e já tocava bateria. Hoje, tem 10 anos, é uma excelente executante da Marimba
Cinco anos após o lançamento do projecto, que culminou com a formação do primeiro grupo de pequenos artistas pelo CERMA – Centro de Estudo de Revalidação da Música Angolana, no domínio da música tradicional, através do Atelier “Crianças da Fubú Fora da Delinquência”, a direcção da instituição decidiu suspender este ano a acção formativa por falta de financiamentos.
A instituição está a enfrentar actualmente uma das piores crises da sua existência, carecendo de tudo um pouco para poder se manter. Pouco ou quase nada tem feito em termos de actividades para o seu normal funcionamento devido aos factores já referenciados.
Dentre os vários problemas com que a instituição se bate, ressaltase a falta de instalações próprias para responder à demanda dos alunos ávidos em aprender a arte de tocar, nas suas mais distintas áreas de actuação, com destaque para o Atelier “Meninos da Fubu Fora da Delinquência”, um projecto que recolhe miúdos que fogem do seio familiar, para ficar na rua, e a Oficina de Construção de Instrumentos Musicais de Angola.
A estas preocupações juntam-se também as áreas de ensino de piano e língua inglesa, bem como o Grupo Experimental M.M.Yetu, que também está temporariamente sem actividade até que se resolvam os problemas financeiros.
A nossa reportagem ao referido Centro incidiu no recém-improvisado Espaço Residencial do professor e mentor do projecto, Justino Ginzamba, e estendeu-se aos compartimentos, o dos ensaios e o da recepção.
E quanto pudemos observar durante a nossa visita ao espaço, dos três projectos inicialmente concebidos pelo CERMA, apenas dois estão a funcionar, embora aos soluços: o Atelier “Meninos da Fubu Fora da Delinquência” e a Oficina de Construção de Instrumentos Angolanos.
Para salvaguardar o projecto e acautelar despesas que eventualmente possam advir destes e de outros encargos, a direcção do centro viu-se forçada a abandonar um imóvel que anteriormente serviu de escola aos mais de 100 alunos, mudando-se actualmente provisoriamente para sua residência de modo a preservá-lo.
Sessões formativas com balanço satisfatório
Apesar da crise enorme com que se debate a instituição, Justino Ginzamba considera que os últimos anos de actividade formativa foram muito positivos, uma vez que deram aos meninos a possibilidade de poderem participar em diversos eventos culturais e não só.
“Devo dizer, que apesar das inúmeras dificuldades por que passamos, fizemos um balanço muito positivo em termos de acções formativas e eventos, o que nos permitiu participar em actividades distintas ao nível da província de Luanda e arredores”, disse Justino Ginzamba.
O responsável sublinhou que o projecto começou na sua residência como uma lufada de ar fresco, em tempo de quarentena forçada pela Covid, com os filhos e sobrinhos.
Hoje, mesmo em meio a imensas dificuldades, afirma que o Centro de Estudos de Revalidação da Música Angolana é visto como um projecto bastante importante, contando com a confiança e o reconhecimento dos moradores daquela circunscrição de Luanda.
As acções formativas, que nos últimos anos incidiram na execução de vários instrumentos musicais tradicionais, como a Marimba, o Kissange, o Hungo, a Dikansa, o Chocalho e o Ngoma, já abrangeram cerca de 150 crianças, 70 das quais, finalistas nas referidas áreas.
Destacar “Pequenos instrumentistas” destaca benefícios da formação artística
Florença Ginzamba, a mais pequena finalista do primeiro curso, entrou para o projecto em 2023, tocando bateria, com apenas 4 anos. Hoje, aos 9, tornou-se uma excelente executante da Marimba.