Uma colectânea musical denominada “Cruzamento Inter- Geracional”, com temas de mais de 10 artistas, cujo processo de gravação iniciou em Fevereiro de 2023, será lançada este ano, em Luanda, pela Editora Sintonia, responsável pela sua distribuição no país e na diáspora
A obra foi produzida pelo Estúdio Plenarium, concebida em diferentes estilos musicais, é constituída por 14 faixas musicais, interpretadas em kimbundu e português, retratando cenas do nosso quotidiano, desde filhos desobedientes, irmãos que morreram, o amor ao próximo, desavenças, prosperidade, entre outros aspectos.
Trata-se de um disco versátil, carregando um conjunto de mensagens educativas e outros assuntos que acontecem no dia-a-dia dos angolanos, cantados nas vozes dos músicos Guilhermino, António da Luz, Clara Monteiro, Fató, Antonica, Elisa Barros, Rui Morais, Mestre Jaburú, Cajo Pimenta, Edna Ernesto, David Estevão e Duo Ximana.
Mas a grande novidade desta colectânea é, sobretudo, a Sambalange, uma música e dança típica de Carnaval da região da Quisama, actual província do Icolo e Bengo, que foi transportada para o projecto pelo músico Quintino, da Banda Movimento, na voz do também cantor, compositor e guitarrista Guilhermino.
A colectânea foi produzida no Estúdio Plenarium, que também se responsabilizou pela captação, mistura e masterização, cabendo a edição à LP Digital de Portugal. A iniciativa visa permitir que os artistas escolhidos possam gravar novas composições e pela mesma via relançar as suas carreiras, permitindo, desta forma, geração de renda e de apresentação ao público.
O produtor executivo do projecto e investigador cultural, Elizeu Major, em entrevista à reportagem do Jornal OPAÍS, garantiu que a obra já está concluída e poderá em breve ser apresentada ao público. Referiu que, nesta primeira etapa do projecto foram produzidas mil cópias, cuja distribuição, após a sessão lançamento oficial e todo processo de marketing, caberá à Editora Sintonia.
Elizeu Major que, além de produtor é também o mentor projecto, referiu que o trabalho está estimado em 9.500.000.00 (nove milhões e quinhentos mil kwanzas), um montante que inclui despesas com os artistas instrumentistas, a execução gráfica e a produção do CD em Portugal, pelo Estúdio LP Digital.
“Iniciamos o processo de gravação em Fevereiro de 2023 e prevêse o seu término este mês, em que pensamos também neste período, concluir todo o processo de mistura, masterização e outros aspectos de natureza gráfica”, disse.
Questionado quanto aos critérios de selecção dos artistas e outros procedimentos associados ao projecto, Elizeu Major referiu que foram baseados no Estatuto da União Nacional dos Artistas e Compositores (UNAC-SA), no que aos deveres dos seus membros diz respeito, com particular realce, o pagamento de quotas e participação activa na vida da organização.
Instrumentistas em destaque
Já no que aos instrumentistas se refere, adiantou que, para além de nomes sonantes, como Quintino, Alex Samba, Neto Maradona, Correia Miguel, Romão Teixeira e Pedrito, juntaram-se também ao projecto, outros nomes não menos consagrados, como Lcy, Leonel Nguma, Simão Kangongo, Nelma Kapassa, Sissa Mota, Lutuima e Jorge Mulumba.
Fases do projecto
Questionado ainda quanto às fases subsequentes do projecto, Elizeu Major referiu que estas dependerão muito dos êxitos que forem sendo obtidos e de eventuais apoios de futuros parceiros e mecenas.
O projecto surgiu da necessidade de apoiar e promover a música e os artistas angolanos, com particular realce àqueles que se propõem enveredar pelos estilos das diferentes regiões que configuram o nosso belo país, tendo como foco principal a valorização dos ritmos angolanos, bem como os valores culturais mais sublimes da ancestralidade.