O Centro Cultural Português – Camões, em Luanda, acolhe hoje, a partir das 17 horas, a exibição de um documentário sobre o percurso da banda desenhada em Angola, seus desafios e limitações, evolução, recuos e avanços, com olhar no panorama internacional
A ser exibido no âmbito da 21.ª edição do Festival Internacional de Banda Desenhada ‘Luanda Cartoon’ que decorre de 8 a 14 do corrente mês, no Camões e no Olindomar Estúdio, em Luanda, vai ser acompanhado de debates e reflexões em torno dos desafios do mercado nacional de banda desenhada, a ter lugar no auditório Pepetela, com duração de cerca de uma hora e meia.
O evento é aberto do público e vai contar com a presença de vários artistas e actores do universo da banda desenhada e da caricatura, prevendo reunir os nomes mais sonantes do mercado nacional e alguns convidados internacionais. Segundo dados oficiais avançados pela organização a este jornal, mais de cinquenta pessoas participaram na última sextafeira, 8, da abertura oficial da 21ª edição do “Luanda Cartoon”, entre entendedores da matéria, entusiastas, amantes da arte e público em geral.
Nesta edição, o evento está a homenagear os 50 anos de independência nacional que o país está a celebrar, ao mesmo tempo que também homenageia três figuras icónicas do cartoon em Angola.
O acto de abertura ficou marcado com a inauguração de uma exposição colectiva composta por cerca de 150 obras que expressam a trajectória do festival que há mais de 20 anos vem impulsionando a promoção e valorização da banda desenhada em Angola. Segundo o director do Festival, Lindomar de Sousa, a presente edição é “especial” por estar enquadrada nas celebrações dos 50 anos de independência nacional e por destacar actores que há mais de vinte anos vêm dando os seus contributos pela expansão e promoção desta arte no país.
“É um momento de grande alegria e satisfação. Temos uma exposição histórica, onde apresentam uma retrospectiva da história da banda desenhada, desde os anos 1960 a 2025, desde os primeiros trabalhos de Henrique Abranches, considerado o pai da banda desenhada angolana, Rui Galiano, Paulo Alves, Horácio da Mesquita, a geração da parada dos Candengues, a Umbi Umbi, até a nova geração de artistas de banda desenhada”, destacou.
Ressaltou ainda que fazem parte desta festa alguns convidados internacionais, como o cartoonista português Osvaldo Medina e do congolês democrata Jeremi Sing.
Homenageados honrados pela distinção Nesta que é considerada uma “edição especial”, foram homenageados três ícones do cartoon em Angola. Trata-se dos cartoonistas Tché Gourgel, Armindo Dalas e Carnott Júnior, que foram homenageados no dia de abertura, em jeito de reconhecimento pelos seus feitos em prol do desenvolvimento da arte no mercado nacional.
Honrado pelo gesto, Carnot Júnior, ilustrador e designer gráfico, disse que começou a despertar o gosto pela banda desenhada aos 10 anos de idade, e que naquela mesma época, ainda com o país mergulhado num conflito civil, já tinha participado em alguns concursos desta área artística dos quais tem óptimas lembranças.
O mesmo parabenizou a organização pela iniciativa e apelou pela continuidade de acções do gênero que visam valorizar a arte do cartoonismo no país. “É com grande honra e satisfação que recebo esta homenagem.
Estamos de parabéns, penso que a actividade deve continuar, e que haja maior participação das instituições culturais no sentido de dar mais ênfase ao projecto”, apelou.
O outro distinguido, Tché Gourgel, por sua vez, ressaltou que falar do Festival Luanda Cartoon é como falar de um filho seu, na medida em que é um dos mentores deste evento, onde trabalha nos bastidores, visando a busca de conexões nesta área com profissionais de todo mundo.
Orgulhoso pelo concurso do evento e pelos resultados que vem alcançando, não escondeu a alegria e o entusiasmos em fazer parte de um festival que já ganhou notoriedade a nível do continente.
Por outro lado, fez saber que a principal dificuldade continua a ser a ausência de patrocínios fixos e outras ajudas para continuarem a levar o nome do país aos quatro cantos do planeta. Propositadamente, os homenageados desta edição foram escolhidos, também, porque nasceram em 1975 e neste ano estão igualmente a celebrar 50 anos de vida.
Projectos em carteira
Exposições, workshops, oficinas de pintura e desenho, debates e exibições de documentários estão entre as múltiplas actividades que o evento reserva para os convidados e participantes desta edição. Haverão também feiras expositoras onde o público terá a oportunidade de adquirir livros de banda desenhada autografados pelos seus autores.
Lindomar de Sousa avançou em primeira mão que o Luanda Cartoon, sendo um festival internacional, faz parte de uma rede de festivais internacionais de banda desenhada, e que a partir desta edição, serão seleccionados alguns autores nacionais, pela qualidade dos seus trabalhos, para representarem o país nas grandes montras da banda desenhada a nível mundial. Salientou que irão participar em eventos como o Festival Internacional de Banda Desenhada, em Amadora, Portugal, no mês de Novembro.