Em celebração aos 10 anos de existência, o Circuito Internacional de Teatro (CIT) vai homenagear cerca de 50 artistas pelo seu contributo no desenvolvimento da arte e da cultura nacional, no país e além-fronteiras
E sta edição, enquadrada nas comemorações dos 50 anos de independência nacional, estão previstas a realização de 50 espectáculos e igual número de distinções. José Teixeira, director de formação do Grupo Miragens, comentou que o grupo apresentará uma peça que reúne os momentos marcantes vividos ao longo dos anos. “Desde o surgimento do CIT, transformamos a nossa visão e prática teatral.
Além de palco para espectáculos, é um espaço de partilha, aprendizado, solidariedade e convivência. É uma grande festa”, disse. Por sua vez, D’Azevedo, conhecido artisticamente como “Buchecha”, responsável pela Companhia de Artes Vela referiu que o grupo trará à cena uma peça dramática baseada na história da jovem Helena. O responsável reforçou a importância do CIT como espaço de crescimento artístico.
“É um palco de partilha com actores nacionais e estrangeiros. Quando saímos do país, muitos desses artistas tornam-se pontes para apresentarmos nosso trabalho ao mundo”, aferiu. Buchecha apelou à participação do público, garantindo que todas as cenas foram cuidadosamente selecionadas para oferecer uma experiência memorável.
Distinções
O director-geral do CIT, Adérito Rodrigues, avançou, que esta edição contará com distinções especiais, incluindo categorias como de melhor grupo teatral, melhor actor, melhor actriz, grupo popular, prémio carreira, entre outros.
Deu a conhecer que, o grande homenageado foi o nacionalista Roberto de Almeida, conhecido pelo pseudónimo literário Jofre Rocha. Uma figura que representa uma verdadeira biblioteca viva, cuja trajectória atravessa períodos anteriores à independência, pósindependência, a paz, a reconstrução nacional e os dias actuais.
Acrescentou que, embora tradicionalmente o projecto decorra por três meses, este ano foi estendido a quatro, para alinhar-se às celebrações da independência. Neste contexto, teve início a 4 de Junho, em Luanda, e estender-se-á até 12 de Setembro e seguirá para outras províncias como Huambo (de 16 a 22 de Setembro), Cabinda, Benguela, Bié, Cuanza-Norte, Moxico, Cuanza-Sul e Lunda-Sul, com igual número de homenagens. “O CIT é o maior festival de teatro do país — e um dos maiores do mundo, considerando sua duração”, sublinhou.
Acções sociais e espectáculos contínuos
Após a abertura oficial no Royal Plaza, em Junho — em homenagem ao mês da criança — foram realizadas diversas actividades infantis e de acção solidária, incluindo visitas a centros de acolhimento, em parceria com a Fundação Arte e Cultura.
Já no espaço Elinga Teatro, os espectáculos continuam abertos ao público todas as quintas, sextas e sábados, sempre às 19h00, reunindo grupos teatrais nacionais especializados, num verdadeiro festival da arte angolana.
A presente edição contará com a participação de grupos internacionais, vindos de países como Portugal e Brasil. Embora a maioria dos grupos teatrais do país esteja integrada ao CIT, disse, o objectivo é ampliar ainda mais a sua presença nas províncias, como símbolo da “actividade dipanda” — expressão artística da história da independência angolana, contada através do palco.
Desafios e resiliência
O director do CIT destacou que os principais desafios continuam a ser a escassez de apoios, tanto financeiros quanto logísticos, o que dificulta a compensação simbólica aos grupos e à equipa de produção. Apesar disso, garantiu que a organização segue com resiliência e determinação.
“O retorno do público tem sido extremamente positivo. Para muitos, o CIT representa uma casa. Quando a data se aproxima, toda a arena do teatro entra em expectativa”, partilhou.