A vida e a obra de António Agostinho Neto, Fundador da Nação angolana, estiveram, nesta quarta-feira, 17, no centro de um encontro político, diplomático e cultural promovido pela Embaixada de Angola no Egipto, por ocasião do Dia do Herói Nacional.
O evento reuniu embaixadores de diversos países, académicos e estudantes, tendo como orador principal o académico angolano António Quino, que destacou diferentes dimensões da trajectória de Neto, desde a identidade e formação, à luta e diplomacia, passando pelo pan-africanismo e cultura, até ao legado continental.
Segundo uma nota de imprensa da embaixada de Angola no Egipto enviada ao OPAÍS, Quino sublinhou a influência familiar e a formação política de Neto em Portugal, marcada por perseguições coloniais, bem como o seu papel central na independência de Angola em 1975.
O também escritor ressaltou ainda episódios diplomáticos de grande relevância, como a audiência com o Papa Paulo VI e a Conferência de Lusaka, que projectaram Neto no cenário internacional e o ligaram ao movimento pan-africanista.
Na vertente cultural, o orador enalteceu o contributo literário de Agostinho Neto, cuja poesia é vista como memória colectiva da luta africana, e defendeu a visão do líder angolano de uma síntese entre marxismo e pan-africanismo.
Já o embaixador de Angola no Egipto, Maquento Sebastião Lopes, lembrou Agostinho Neto como político de fortes convicções, mas sobretudo como homem de cultura, médico humanista e pan-africanista.
A ocasião contou ainda com a exibição de um vídeo documental sobre a vida e feitos do primeiro Presidente de Angola. O acto integrou-se no programa local das celebrações dos 50 anos de independência de Angola e contou com a presença dos embaixadores de Portugal, Cuba, Uruguai, Venezuela, Zâmbia, Namíbia, Tanzânia, Colômbia, Guiné-Equatorial e Moçambique, além de outros diplomatas, académicos e estudantes. António Agostinho Neto foi médico, poeta e político angolano, a principal figura do século XX em Angola, sendo Presidente do MPLA e o primeiro Presidente de Angola de 1975 até a sua morte em 1979.
Nascido em 1922, foi uma figura central no processo de independência de Angola, tendo liderado o MPLA e assumido o comando militar das Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA) durante a guerra civil.
Concluiu os estudos secundários em 1944 e mais tarde estudou medicina em Portugal, onde frequentou a Casa dos Estudantes do Império (CEI). Participou ativamente em atividades políticas e culturais, fundando o Centro de Estudos Africanos para a afirmação da nacionalidade africana e o Clube Marítimo Africano, que ligava os patriotas angolanos. Coordenou o núcleo militar do MPLA e abriu novas frentes de luta no Norte e Leste de Angola.
Enquanto escritor, escreveu poesia entre 1946 e 1960, período em que publicou livros como Sagrada Esperança. Vários dos seus poemas foram considerados inoficiais do hino angolano e alguns dos seus poemas também são considerados como os do inoficial. Foi o primeiro membro eleito da União de Escritores Angolanos e da União de Escritores Africanos e Asiáticos.