Esta hora é de ficar livre, estou aqui com o corpo paisajado. Nada vale a pena, estas pernas me enchem facilmente. Lembrome bem quando saía da casa do kota Nbala, às vezes saía da Canjala a correr porque as dores eram frequentes, mas os estímulos eram vedados com a lucidez por desaforos dos velhos tempos, ainda mais com o mais velho Katenda, pai do Rogério.
Sempre que íamos à sua casa trazíamos de lá várias recordações, as noites eram de leme, as histórias contadas na primeira pessoa. A juventude passou-nos em bons tempos. Naquela altura o pão não existia, era a broa que fazíamos em casa do mais velho Katenda; o sofrimento quando o opaco da luz não brilhava entre nós, até naqueles dias de festas, o Dezembro era Janeiro e os pratos rondavam semi-nus entre as aldeias.
Cresci com os olhos vedados de esperança, do bem, do mal, da noite para o dia era desterro e a alma que me anoitecia era vilã quando os sermões habitavam no coração daquela gente. Uma vez Rogério dormiu nos meus braços vendo seu pai Katenda passando no caco da solidão, e o vazio indelével situado bem debaixo do seu matinal, do seu destino e ceder a si mesmo que transmitia protesto.
Quando isso vai terminar?
_ Questionava-me pálido! Eu fingia não o ouvir com agudez no seu canto, até mesmo quando as paredes fixavam sobre mim, todas elas, uma lágrima no canto do olho. _ Saiba, Rogério, ninguém prevê o amanhã se não o adeus que vimos como um belo propósito, apesar de nos afetar, mas, ainda assim, a glória permanecerá intacta nos nossos corações.
Vê-lo daquele jeito sem fazer nada, só tinha que o distrair, daí, começamos a sorrir;_ disse-me maravilha! O ânimo era leve e tínhamos que nos reinventar. Logo, acabaram-se os medos, que fossem como crepúsculo abnegado que havia adormecido nos nossos rostos.
Outro dia dei uma volta na aldeia. Nem que partia comigo as andanças e o desejo de me distrair era tanto que havia também um propósito, talvez um dia saberia o que, na verdade, corrói a população da minha aldeia e a vida escurecida com montes de sacrifícios leveados de dores.
Os traumas eram tantos, tanto que, todas as vezes cobrava de mim mesmo astúcia, afinal, as aldeias são lugares de sacrifícios, onde os ratos vivem connosco e a terra acolhe as patas na noite cada sacrifício que se faz durante o dia. Talvez tudo tenha um propósito, falava Rogério: as aldeias, as chamas transformam-se em cinzas e o pó esvaia sobre os tectos das casas!…
Por: N’DOM CALUMBOMBO









