Numa modalidade muitas vezes dominada pela força e pela frieza táctica do velho continente, é de Angola que sopra uma brisa quente, vibrante, cheia de crença e identidade. As Pérolas, a nossa selecção nacional de andebol feminino, acabam de alcançar um feito histórico: são agora oficialmente a 10.ª melhor selecção do mundo.
Um feito que não é apenas estatístico, é simbólico, cultural, profundamente humano. Chegar a este patamar, para um país africano com desafios profundos no tecido social e desportivo, é uma declaração de resistência e excelência.
E elas não chegaram aqui por acaso, foram conquistando terreno, superando barreiras, derrubando gigantes. E que gigantes! Já são 13 selecções europeias derrotadas pelas angolanas em campeonatos do mundo e jogos olímpicos, países com décadas de tradição, infraestruturas de luxo e recursos quase ilimitados.
Alemanha, França, Suécia, Espanha, Dinamarca, Hungria… todas sentiram na pele o que significa jogar contra uma equipa que joga com garra, orgulho e uma paixão que transcende os limites do pavilhão. Estas vitórias são capítulos de um legado que está a ser escrito com suor, sacrifício e talento genuinamente angolano.
As Pérolas jogam com uma alegria quase infantil, mas com uma seriedade táctica de gente grande. São velozes, intensas, ousadas, carregando no peito a bandeira de um país inteiro e nas mãos o sonho de uma geração que aprendeu a acreditar que também pode ser do topo mundial.
Esta ascensão tem rosto, tem nomes, tem histórias de meninas que, muitas vezes sem apoios ideais, desafiaram todas as previsões, hoje olham de frente para as potências mundiais e ganham repetidamente. A 10.ª posição no ranking mundial é um prémio merecido, mas também um alerta.
Angola tem potencial real de subir ainda mais se houver continuidade, se houver investimento sério, se as promessas não se perderem em discursos. É altura de transformar esta conquista num projecto ainda mais sustentável, onde as futuras Pérolas possam sonhar com medalhas e não apenas com participações honrosas.
No fim, mais do que números, rankings ou estatísticas, o que estas jovens mulheres nos mostram é que o desporto, quando bem trabalhado, é um espelho da alma de um povo e de uma nação. E Angola, com as suas Pérolas, mostrou ao mundo que tem brilho, tem talento e, acima de tudo… tem orgulho próprio.
Por: Luís Caetano









