Um Chamado à Responsabilidade Laboral e Organizacional no Fecho do Ano. O dia 1.º de Dezembro não marca apenas a entrada no último mês do calendário. Em Angola, esta data funciona como um ponto de viragem estratégica para trabalhadores e empresas, especialmente no que diz respeito ao cumprimento das responsabilidades laborais previstas na Lei Geral do Trabalho (LGT).
É o dia em que cada colaborador deve reavaliar a sua postura, organizar pendências e preparar-se para um fecho de ano que exige rigor, ética e compromisso. Num contexto económico desafiante, o trabalhador angolano tem vindo a assumir um papel central na estabilidade das organizações.
Contudo, a recta final do ano continua a ser, para muitos, uma fase marcada por atrasos, justificações tardias, acumulação de tarefas e falta de previsibilidade, comportamentos que violam princípios essenciais estabelecidos na legislação laboral.
Rever o desempenho é uma obrigação que antecede a avaliação
A LGT reforça o princípio da responsabilidade individual no cumprimento das tarefas e no respeito pelas orientações do empregador. Apesar de se dar o contrário nas maioria das empresas, entrando o mês de Dezembro, é dever do trabalhador rever metas, identificar falhas e comunicar dificuldades ao superior hierárquico. A avaliação de desempenho não deve ser um acto meramente formal, mas sim um exercício de autoanálise que contribui para a melhoria contínua e para o crescimento da própria empresa.
Regularizar faltas, justificar ausências e actualizar informação
A prática recorrente de deixar para última hora a entrega de justificações, folhas de ponto ou relatórios afecta directamente o funcionamento dos departamentos de Recursos Humanos. A LGT é clara quando descreve que as faltas injustificadas constituem violação grave e podem resultar em sanções disciplinares. Dezembro é o momento ideal para regularizar toda a documentação, evitando conflitos, penalizações e distorções nos registos.
Férias, direitos e deveres: o que a LGT prevê
O artigo referente ao direito às férias estabelece que cada trabalhador tem direito a um período anual de descanso remunerado, que não deve ser negligenciado nem acumulado de forma desordenada.
A antecipação no planeamento de férias evita rupturas operacionais e protege tanto o trabalhador quanto o empregador. A omissão ou a falta de comunicação pode constituir desrespeito para com as normas internas e gerar tensões desnecessárias.
O denominado 13.º mês e gratificações, transparência e organização financeira
Com a aproximação do pagamento da gratificação de Natal, é essencial que os trabalhadores confirmem a sua elegibilidade e compreendam as regras aplicáveis. A LGT protege o direito à retribuição e exige clareza e boa-fé na relação laboral. Este é também um período em que muitos trabalhadores sucumbem a gastos impulsivos; a educação financeira torna-se não apenas recomendável, mas uma estratégia vital de estabilidade pessoal.
Disciplina, assiduidade e ética até ao último dia
O final do ano não suspende o dever de assiduidade. A LGT sustenta que o trabalhador deve desempenhar as suas funções com zelo, responsabilidade e pontualidade. Contudo, muitas organizações observam, nesta fase, um aumento de faltas, atrasos, saídas antecipadas e descuido com o comportamento profissional, atitudes que fragilizam a cultura organizacional e colocam em risco o equilíbrio colectivo.
Um apelo final: o futuro começa hoje! O dia 1 de Dezembro é um lembrete silencioso, mas poderoso, o ano não acabou, e o compromisso também não. Para o trabalhador angolano, este é o momento de reorganizar prioridades, fortalecer a ética laboral e preparar metas realistas para o ano seguinte. Para as empresas, é a oportunidade de reforçar uma gestão de pessoas mais humana, transparente e alinhada com a LGT.
Num país onde o capital humano é um dos activos mais preciosos, a responsabilidade individual deve caminhar lado a lado com a responsabilidade institucional. Ao entrarmos em Dezembro, torna-se imprescindível que cada trabalhador pare, reveja e recomece, porque o futuro profissional constrói-se com as escolhas feitas hoje.
Por: Yona Soares
Advogada | Especialista em Gestão de Recursos Humanos









