A embaixadora da União Europeia em Angola, Rosária Bento Pais, advertiu, recentemente, à margem da cerimónia de exportação do primeiro lote de abacate, em Benguela, que as empresas da sua comunidade, que operam no Corredor do Lobito, as regalias sociais, como, por exemplo, salários, não devem ficar muito aquém daquilo que se tem praticado na Europa, adiantando que a iniciativa Global Gateway entende que o corredor não se desenvolve sem a componente social assegurada
A diplomata europeia é apologista de que se continue a garantir melhores salários para todos os trabalhadores, numa alusão clara à onda de reivindicação desencadeada, recentemente, por mais de 700 funcionários da AGL, que, entre outros, reclamavam por melhores salários, para além de pagamentos justos de subsídio, ressaltando, desde já, o de produtividade. Rosária Bento Pais ressalta que a estratégia da Global Gateway olha para o desenvolvimento sustentável, ao advertir que o corredor do Lobito não é excepção.
Apela para a necessidade de cumprimento dos direitos humanos. “Se ler a estratégia da Global Gateway é, exactamente, isso. E o corredor do Lobito não pode ser desenvolvido se não tiver a componente social e ambiental”, disse. Rosaria Bento Pais afirma que as empresas europeias que operam no corredor do Lobito não devem fugir daquilo que se pratica na Europa, no que se refere às regalias sociais.
“Todas as condições que nós temos na Europa têm de ser implementadas nos países parceiros. Portanto, esta é a nossa oferta: sustentável e ambiental. É essa diferença que nos faz dos outros parceiros”, reconhece.
Em declarações à imprensa, Rosária Bento Pais assinalou que um corredor do Lobito forte e, por conseguinte, distante de problemas, impulsiona outros sectores que não sejam apenas os de infraestruturas e transporte, ao enaltecer o facto de Angola ter despachado para a Europa 17 toneladas de abacate para a Europa.
Sinaliza que, brevemente, outros produtos hão-de seguir, igualmente, em direcção à Europa, destacando alguns frutos tropicais, grãos e hortícolas, num investimento global de 50 milhões de euros. “Isto será o primeiro de muitos que irão ter a certificação europeia”, vincou a diplomata, salientando que a prioridade é desenvolver o sector da agricultura. De projectos não é tudo.
Rosária Bento Pais revela que a União Europeia e os Países Baixos andam de mãos dadas no projecto logístico da Caála, para o qual se investiu 8 milhões de euros, sendo que a sua comunidade desembolsou maior parte dos valores, 7 milhões, no caso. “Para poder ajudar na preparação de toda a logística nessa plataforma para a exportação de abacate. Na cadeia de frio, seja na parte da capacitação, seja na parte também do desenvolvimento das capacidades de quem lá trabalha”, realça.
Exportação de grãos para Europa à vista
A partir de 2026, Angola passa a exportar grãos para a Europa, via corredor do Lobito, grãos. Por ora, criam-se condições infraestruturais – com destaque para a construção de silos no Pólo Industrial da Catumbela, que, para além da União Europeia, conta também com um empurrão financeiro dos Estados Unidos da América, segundo levantamentos feitos por este jornal.
À imprensa, a embaixadora da União Europeia, Rosária Bento Pais, confirma que os protocolos nesse domínio serão rubricados no próximo ano, admitindo, pois, micro-financiamento a pequenos produtores, na perspectiva de fomentar a produção em grande escala, tendo em conta os novos desafios de colocar centenas de toneladas de grãos como milho e feijão, para citar apenas estes, no espaço europeu.
Para essa empreitada, prevista para 2026, prevê-se, igualmente, definir uma empresa que se vai ocupar da recolha de toda a produção de pequenos agricultores para, acto contínuo, colocar a produção em contentores e seguir para a Europa – ressalta.
Por: Constantino Eduardo, em Benguela









