Denominado Centro de Formação Artística e Técnico-Profissional “Visão Dimbo” (CEFOART), o espaço abre as portas para o ciclo formativo a partir do dia 13 de Dezembro, no Zango 3, começando, numa primeira fase, com os cursos de música, dança e desenho, ao passo que as outras disciplinas artísticas começaram a ser implementadas a partir de Janeiro de 2026
A inauguração do espaço está marcada para o dia 6 de Dezembro próximo (num sábado), com o corte da fita a ser proferido por entidades do governo municipal do Calumbo ou da administração distrital dos Zangos, seguindo-se um leque de actividades artísticas e culturais como exibição de danças, música, artes plásticas e teatro, expressando assim as disciplinas que farão parte do currículo formativo do referido espaço.
Com cinco salas de aulas, entre as quais três destinadas a aulas teóricas e duas a aulas práticas, o centro pretende albergar mais de 70 formandos nos seus variados cursos, repartidos em dois períodos (manhã e tarde), além de aulas de reforços de danças que poderão ser destinadas a um público mais específico aos sábados. Localizado bem no coração do Zango 3, a escassos metros da popularmente conhecida como “Paragem da Coca-Cola”, o espaço pretende converter o distrito num verdadeiro celeiro das artes, transformando jovens, crianças e adultos comuns em potenciais artistas consagrados.
A visão, de acordo com o director do centro e mentor do projecto, Adriano Miguel de Freitas, é tornar o CEFOART num verdadeiro espaço onde são despertados e lapidados os diferentes talentos artísticos. Segundo o director, o centro vai leccionar várias disciplinas artísticas, desde as artes cénicas, como teatro, cinema e televisão, às mais populares manifestações como a dança, a música e as artes visuais e plásticas.
O Cefoart dividiu o seu currículo formativo em duas áreas: a classe artística cénica, que comporta as disciplinas de teatro, cinema e televisão; e a classe artístico-pedagógica, que tem a ver com dança, música, mais voltada ao domínio dos instrumentos musicais e de pintura”, precisou o mentor do referido centro.
Além do lado artístico, o espaço contará também com um lado voltado à formação técnico-profissional, onde serão ministrados cursos de informática, de audiovisual, oratória e de serralheira industrial.
Estes cursos técnicos, segundo a fonte, estarão disponíveis apenas a partir do primeiro trimestre de 2026 para atender às solicitações já manifestadas por alguns moradores dos arredores.
A génese do projecto
O projecto nasceu da visão e experiência do grupo de danças folclóricas Dimbo Danças de Angola, um conjunto que existe há 19 anos, oriundo do município do Cazenga, em Luanda, e que se tem dedicado à promoção e difusão dos ritmos dançantes folclóricos por vários cantos do país e na diáspora. Liderado por Adriano de Freitas, o grupo de dança, face à carência e escassez de espaços dedicados à formação artística e preocupado em deixar um legado que reflectisse muito além da dança e abrangesse indivíduos de outros pontos da capital do país, passou a ensinar a dança e a música em espaços adoptados.
“Na sede do nosso grupo de dança, no Cazenga, já começávamos a ministrar alguns cursos preparativos mais voltados para a dança. Na altura não tínhamos grande capacidade de poder fazer da dança uma profissão e fonte de sustentabilidade para as nossas famílias.
Mas sempre esteve presente a vontade de lutar e acreditar que era possível chegar mais distante”, manifestou. Passados vários anos, isto em 2023, na qualidade de professor de formação, formado em ciências da educação e um artista ligado à dança há mais de 20 anos, Adriano decidiu colocar a ideia em execução prática e assim fundar um centro de formação que se dedicasse ao ensino das artes, respeitando os princípios basilares do no académico.
Sublinhou que, por falta de financiamento, o projecto levou mais de um ano para dar os primeiros passos e só no princípio do corrente ano conseguiu apoio de pessoas singulares e assim arrendou uma residência no Zango 3, que transformou em centro de formação, cuja inauguração oficial acontece já no próximo sábado, 6 de Dezembro, a partir das 10 horas.
Conciliar a arte e o ensino
No seu programa curricular, o centro procura combinar as artes às técnicas de ensino técnico-profissional para proporcionar aos formandos um ensinamento devidamente alicerçado. Enquanto docente e experiente bailarino, Adriano de Freitas garante que tende a recorrer às técnicas de pedagogia para reforçar o processo de ensino artístico que traga um diferencial na vida prática dos alunos.
“Procuramos casar a dança com o ensino, começamos por ter metodologia, compreender a didática pedagógica no campo do ensino, e a fazer pesquisas sobre as artes para trazer um diferencial”, frisou.
No que se refere especificamente à dança, que é por sinal a sua área de conforto, Adriano diz que ele e alguns colegas que também farão parte do corpo docente do centro de formação procuraram trazer um ensino sistematizado dos diferentes estilos de dança que compõem o cenário artístico angolano.
Afirma que realizaram pesquisas, através de fontes orais, históricas e bibliográficas, entre cantores, bailarinos e entendedores na matéria sobre as danças de Angola, seus perfis, historial e especificidade de cada uma.
“Pegamos nas nossas danças, no caso a kizomba e o semba, procurámos estudá-las, conhecer técnica e cientificamente o nome de cada movimento, suas implicações no resultado final e inclusive buscamos trazer subsídios que estão relacionados com a anatomia de modo a evitarmos lesões que muitas vezes resultam quando os movimentos são executados de forma brusca ou empírica”, sustentou.
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