Caiu o pano ontem sobre a campanha eleitoral na UNITA. O presidente cessante, Adalberto da Costa Júnior, e o então secretário para as Relações Exteriores, Rafael Massanga Sakaita, deverão disputar durante o congresso, que se realiza amanhã, a liderança do maior partido da oposição no país. Apesar da ousadia de Massanga, que parte com o slogan ‘Todos contam’, demonstrando querer unir o partido depois de alguns afastamentos de militantes e até dirigentes, não há muitas dúvidas de que o líder cessante parte em vantagem.
E há maiores probabilidades de ser reeleito, por dominar a máquina, a julgar pela mobilização demonstrada em determinados momentos e alguns cabos eleitorais que o circundam. O facto de ter conseguido um número maior de deputados nas últimas eleições é também um dos argumentos usados pelos seus apaniguados.
Embora do outro lado haja quem diga que não teria sido possível se não se aliasse a Abel Chivukuvuku, com quem formara a coligação não legalizada Frente Patriótica Unida, e a quem se atribui o mérito por conta do número de deputados que hoje acabaram por integrar o PRA-JA Servir Angola.
O discurso acusatório e de descredibilização tomado em relação ao jovem candidato, de que supostamente possua apoios externos, serviu ao longo da campanha no sentido de se criar desconfianças e afastar deste os delegados, muitos dos quais indefectíveis aos ideais tradicionais da UNITA.
Porém, caso parta para um confronto directo durante os debates que devem ser proporcionados, Rafael Massanga poderá limpar a imagem da forma mais agressiva possível, o que vai obrigar a que se apresentem as provas possíveis perante os congressistas presentes no conclave.
Há dias, já depois de Massanga ter visto alguns dos seus apoiantes, incluindo o cabo eleitoral em Luanda afastado, a mandatária da candidatura do filho do líder da UNITA garantiu que em fórum próprio se iriam exigir provas das acusações, o que se presume que venha a acirrar ainda mais possíveis desavenças que possam existir.
O capital político acumulado, sobretudo nos últimos cinco anos, enquanto líder do maior partido da oposição, deverá ser questionado ou reforçado durante o balanço do referido mandato. A equipa de Sakaita, ao que se diz, não vê com bons olhos o facto de, segundo escritos que vão sendo publicados, se ter perdido alguma dinâmica a nível das acções dos comités do referido partido, assim como a ausência de meios para que os responsáveis, com enfoque nos que estão nas áreas mais recônditas, possam trabalhar.
Um dos argumentos que vai sendo evocado pelo presidente cessante da UNITA tem sido o facto de ter estado atolado de dívidas provocadas pelo seu antecessor, no caso Isaías Samakuva. Um pretexto que este já terá refutado por escrito, admitindo algumas, mas refutando a maioria das que terão sido evocadas em muitas deslocações.
E acredita-se que Samakuva, para lavar a sua imagem, assim como outros políticos congressistas, venha a exigir de Adalberto da Costa Júnior provas da existência destas dívidas e, provavelmente, os pagamentos e os beneficiários. Com a continuidade praticamente assegurada, caberá aos argumentos de Adalberto contrapor as acusações que venham a pender sobre a sua gestão e amainar igualmente o impacto.
Quanto a Rafael Massanga, o caminho continuará aberto para sonhar depois de 2027, sobretudo com uma vitória do MPLA nas eleições marcadas para daqui a cerca de dois anos. Sem um resultado satisfatório, por mais que se peça compreensão, é ponto assente que os calcanhares de Adalberto Costa Júnior poderão ser mordidos por alguns dos seus jovens cabos eleitorais indefectíveis, que, em surdina, também não demonstram o desejo de lhe tomar o lugar.









