O presidente da Comissão da União Europeia, António Costa, acompanhado de uma delegação encabeçada pelo ministro da Cultura, Filipe Zau, realizou nesta terçafeira, 25, uma visita às obras de reabilitação e apetrechamento da Fortaleza de São Francisco de Penedo (antiga casa de reclusão militar), que se tornará no futuro Museu da Luta de Libertação Naciona
A imponente infra-estrutura, já classificada como Património Nacional, conta com apoio financeiro do Governo de Portugal para a sua requalificação. Ao falar sobre a visita, o Ministro da Cultura, Filipe Zau, destacou que este momento representa um gesto de boa vontade, que pode ser encontrado no espírito da justiça reparadora.
O dirigente da cultura no país sublinhou que se trata de um gesto que o actual Presidente da União Europeia, enquanto Primeiro-Ministro de Portugal, teve ao apoiar o desenvolvimento deste processo. “Precisamos de referências históricas.
A nossa juventude também necessita dessas mesmas referências, para que haja sustentabilidade em tudo aquilo que a nossa história informa do ponto de vista material. E, por outro lado, para que possamos ter um espaço onde o próprio turismo possa vir conhecer um pouco mais do nosso país: não ficando no hotel sem saber o que fazer, mas tendo um programa onde estas referências, do ponto de vista patrimonial, estejam expostas”, destacou.
O ministro da Cultura referiu que são locais onde a arte local poderá ser exibida, desde grupos de música tradicional à moderna, entre outros. Considerou ainda que tudo isto é importante porque constitui aquilo que podem chamar de soft power da agenda política do país, de modo que a cultura passa a entrar na agenda com referências extremamente relevantes, sendo necessário continuar a trabalhar com mais seriedade.
Filipe Zau ressaltou também que já existem mais espaços destinados aos artistas, que em breve serão anunciados, e que as agendas culturais serão mais amplas, permitindo ainda que os operários culturais possam resolver cada vez mais os seus problemas profissionais. 50 anos depois, uma reconciliação Por sua vez, o Presidente da Comissão da União Europeia, António Costa, afirmou que este momento representa um passo importante para o Governo angolano na preservação deste monumento histórico e da memória da luta de libertação.
O diplomata recordou que a luta de libertação foi conduzida pelo povo angolano, mas também teve impacto sobre o povo português, uma vez que a ditadura em Portugal se manteve durante muitos anos com base numa narrativa nacionalista que assentava na ideia de um país uno, indivisível e dominador.
Por outro lado, observou que a luta de libertação em Angola foi essencial para fragilizar a ditadura portuguesa, contribuindo para o 25 de Abril, que acelerou a conquista da independência. Segundo António Costa, esta experiência comum, uma luta “gémea” contra a ditadura e contra o colonialismo, ajuda a explicar a forma como, após o 25 de Abril e a independência de Angola, se deu a reconciliação entre os dois países.
“Acho que ajuda a explicar muito a forma como, a seguir ao 25 de Abril e à independência, nos reconciliámos, e como 50 anos depois festejamos com a mesma alegria que os angolanos celebram a independência da nação angolana. Acho que esta memória é muito importante”, destacou.
Memórias e passado
António Costa afirmou ainda que o futuro não se constrói sem memória do passado, lembrando que este passado contém momentos belos e também episódios terríveis.
“O forte não foi apenas uma prisão política, mas também um depósito de escravos, talvez o momento mais dramático da história da humanidade no que toca à exploração do homem pelo homem, além de ter servido como elemento de defesa da cidade de Luanda contra invasores. É esta história toda que importa preservar”, sublinhou.
Ainfra-estrutura
A reabilitação da Fortaleza de São Francisco de Penedo, localizada em Luanda, que irá albergar o futuro Museu da Luta de Libertação Nacional, simboliza o “amadurecimento’’. Pelo que consta, a obra está a cargo da empresa Mota-Engil e contou com apoio financeiro de Portugal.
O Forte de São Francisco do Penedo é uma das estruturas militares mais antigas da capital angolana. Construído no século XVIII pelos portugueses, o forte desempenhou um papel estratégico ao longo da História, servindo como quartel.









