Foi num dia chuvoso, há mais de dois anos, em que um grupo de empresários, jornalistas e outros visitaram a fazenda de Felisberto Capamba, no Huambo, depois de uma intensa jornada de trabalho num dos fóruns realizados pela MediaNova. A empresa que detém o jornal OPAÍS e a Rádio Mais.
Instalado a vários quilómetros da sede capital, no meio de uma terra que antes parecia de ninguém e sem qualquer futuro, encontramos um projecto agrícola cujo objectivo passava pela exploração de produtos vários para a Europa, por intermédio do Corredor do Lobito. Naquele dia, apesar do tempo, foi possível escutar do investidor uma das razões que o levaram a plantar as centenas de pés de limoeiro – e creio também abacateiro.
Era aproveitar o potencial aberto pelo corredor do Lobito e a exportação para a Europa, através dos seus principais portos. E quem sabe depois chegar a outros mercados, onde os produtos vindos de solos como os de Angola e outros países africanos são o sonho de muitos empreendedores e a esperança para a preservação de milhares de postos de trabalho.
Já naquela altura, não obstante as dificuldades, estava patente no rosto do empresário e outros o que viria a representar a entrada em força no mercado europeu, onde já lá estão outros produtores angolanos, com a venda de frutas, café e outros bens de primeira necessidade.
Quando há dias me apercebi do envio de um primeiro contentor de abacate, veio-me à memória a visita ao projecto de Felisberto Capamba e as expectativas de muitos em relação à 7.ª Cimeira União Africana – União Europeia, que o nosso país acolheu nos últimos dias, cujas conclusões apontam para a melhoria das relações económicas, financeiras, sociais e políticas entre os dois blocos continentais.
Houve quem tivesse vendido um cepticismo exacerbado sobre o evento, mas a verdade é que mais portas se deverão abrir, não só para os produtores africanos, nas várias áreas de actividade, como também para os macroprojectos cujos impactos serão reflectidos nos países intervenientes.
Além dos produtos agrícolas, como abacate, existem outros que vão galvanizando as relações, felizmente distantes daquelas que existiram outrora, em que houve um povo explorado e outro explorador.
Actualmente, exige-se um novo modelo de cooperação, não obstante os financiamentos, mas distantes dos preconceitos que muitos segmentos a nível dos dois continentes podem querer segurar. África e Europa possuem objectivos diversos, mas interesses que podem ser comuns.
E a melhoria das relações entre os dois blocos é a alavanca necessária para que os acordos e negócios sejam feitos. A cimeira recém-terminada é uma porta para aquilo que o futuro reservou aos objectivos estratégicos e até à compensação de anos dolorosos de exploração, cujos efeitos até hoje ainda se fazem sentir.









