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50 anos de independência: A morte de Jonas Malheiro Savimbi e o alcance da paz

João Feliciano por João Feliciano
21 de Novembro, 2025
Em Política

Cinco décadas depois da independência nacional, a figura de Jonas Malheiro Savimbi continua a ser um dos marcos mais controversos, mas também decisivos da história de Angola. Fundador da UNIT A, Savimbi foi, para uns, o símbolo da resistência nacionalista e, para outros, o responsável por prolongar uma guerra fractricida. A sua morte, a 22 de Fevereiro de 2002, no Lucusse, então província do Moxico, selou o fim de uma era e abriu o caminho para a paz que o país ainda procura consolidar. Nesta reportagem, revisitamos os factos, as contradições e o impacto da morte de Savimbi na construção da paz, com os testemunhos do general Abílio Kamalata Numa, um dos seus companheiros de trincheira e ex-dirigente da UNITA

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Jonas Savimbi morreu em combate com as forças do Governo, nas matas do Moxico, após mais de 27 anos de conflito armado. O seu corpo, exibido na televisão pública, foi apresentado como prova do fim de um líder e, simbolicamente, do fim de uma guerra. Dias depois, o país caminhava para a assinatura do Memorando de Entendimento do Luena, que formalizou a paz entre o Governo e a UNITA.

“A morte de Jonas Malheiro Savimbi, na abertura do século XXI, foi o pior desastre político que aconteceu em Angola”, recorda o general Kamalata Numa, para quem o desaparecimento físico do líder da UNITA “criou um vazio sobre equilíbrios políticos necessários no país”.

O general defende que o fim da guerra foi consequência da maturidade da direcção da UNITA, que, mesmo depois da morte do líder, “analisou o contexto e negociou no Luena o Memorando que encerrou a guerra, algo que o presidente fundador já procurava nas negociações em Itália”.

Jonas Savimbi: o homem, o nacionalista e o líder

Natural do Bié, Jonas Malheiro Savimbi foi educado no seio de famílias com raízes tradicionais do Bailundo e das Pedras de Pungo Andongo, tendo estudado em escolas missionárias evangélicas e mais tarde em Portugal. Segundo o general Abílio Kamalata Numa, Savimbi era “um nacionalista patriota que tinha muito amor pelo povo”. “Ele percebia que os angolanos, no ponto de partida, não eram iguais. Uns tinham mais vantagens que outros.

A missão dele era motivar uns e proteger os outros, lutando sempre pelo progresso do país e por encurtar as distâncias entre os cidadãos”, sublinha o general. Savimbi defendia, conforme Kamalata Numa, uma visão panafricanista e democrática, que via a economia mista de mercado e o Estado de Direito como instrumentos vitais para o desenvolvimento de África. “A opção útil para África era o Estado Democrático de Direito, com a economia de mercado e mínima regulação do governo”, cita.

Entre o ideal e o conflito

A guerra em Angola foi mais do que um conflito interno: foi o prolongamento da Guerra Fria em solo africano, com potências estrangeiras a apoiarem os dois lados. Savimbi justificava a luta armada como uma resposta à violação dos Acordos de Alvor (1975), assinados pelos três movimentos de libertação e por Portugal.

“Jonas Savimbi nunca fez guerras injustas. A guerra pós-colonial foi provocada pela ambição do MPLA em ser o único e legítimo representante do povo angolano”, afirma Kamalata Numa. “Ele foi obrigado a fazer frente ao MPLA para corrigir o erro e repor a verdade, como se tentou em 1991 com os Acordos de Bicesse”, acrescenta.

O general reconhece, contudo, que o conflito teve custos humanos devastadores. Milhares de mortos, milhões de deslocados e uma nação dividida foram o preço de décadas de luta entre irmãos. Apesar do contexto de guerra total, Savimbi manteve contactos com mediadores internacionais. Segundo o seu companheiro de luta, “mesmo depois das eleições de 1992, continuou a receber as delegações da UNAVEM e do Governo nas áreas sob controlo da UNITA”.

“Jonas Savimbi procurava negociações através do Santo Egídio, por intermédio do representante da UNITA na Itália, Adalberto Costa Júnior. Quando morreu, o processo de busca da paz ainda estava em andamento”, assegurou. A morte de Savimbi, portanto, interrompeu um diálogo que, segundo alguns analistas, poderia ter evitado mais derramamento de sangue.

O preço da paz Pouco depois da sua morte, o país alcançou a paz definitiva. Mas, para Abílio Kamalata Numa, essa paz teve um preço alto. “Foi o preço que o povo angolano teve de pagar e continua a pagar.

A morte de Savimbi promoveu o vazio sobre equilíbrios políticos que eram necessários em Angola”, considerou. Aliás, o ex-dirigente lamenta o que considera uma leitura “errada e triunfalista” do pós-guerra por parte do MPLA. “O regime considerou-se vencedor e passou a administrar o país com arrogância, institucionalizando a corrupção”, acusa.

Reconciliação nacional: feridas abertas

Mais de duas décadas após o fim do conflito, Kamalata Numa considera que a reconciliação entre os angolanos ainda está por cumprir. “Em Angola não há reconciliação. O regime desperdiçou todas as oportunidades para unir os angolanos. O que existe é arrogância e domínio de um poder que se julga dono de tudo e de todos.” A reintegração dos ex-combatentes da UNITA também é vista com desconfianças.

“Há milhares de ex-militares ainda por desmobilizar e centenas de pensionistas retirados de forma compulsiva”, denuncia o general. O nome de Jonas Savimbi continua a despertar paixões e divisões. Para uns, foi um herói nacionalista; enquanto que para outros, um homem de guerra.

O general Kamalata Numa defende que “a história ainda não foi contada com justiça”. “Nada verdadeiro foi dito até aqui sobre Savimbi pelo regime. As verdades começam agora a emergir por iniciativa do povo, que recupera os seus discursos e escritos.”

Segundo este general, Jonas Savimbi deve ser lembrado “como o pensador da Revolução Democrática Africana, defensor do Estado de Direito e da economia de mercado”, um homem que “teria sido Presidente da República se as eleições de 1992 tivessem tido uma segunda volta”. Hoje, à luz dos 50 anos da independência, o debate sobre Savimbi é também o debate sobre Angola — sobre o custo da liberdade e o preço da paz. A sua morte marcou o fim de uma guerra, mas não o fim das contradições do país.

“A Revolução Democrática de Jonas Savimbi está assente na consciencialização do povo para consolidar a democracia. O voto é a arma do povo”, resume Kamalata Numa, numa mensagem dirigida às novas gerações. Todavia, a morte de Jonas Savimbi representou o ponto de viragem mais marcante da história contemporânea de Angola. A paz que se seguiu não foi perfeita, mas permitiu ao país respirar e reconstruirse.

A sua figura continua a dividir opiniões, mas o seu papel é inegável no percurso histórico que levou Angola da guerra à paz. A verdadeira independência, como lembra esta reportagem, não se conquista apenas com armas ou com a queda de regimes, mas com a capacidade de reconciliar, reconstruir e reescrever a história com verdade e equilíbrio.

João Feliciano

João Feliciano

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