Nem se passou um mês desde que o Executivo angolano levou à apreciação do Conselho de Ministros, sob proposta do Ministério das Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social, liderado por Mário Augusto de Oliveira, a proposta de lei contra as fake news.
Um projecto que mereceu da sociedade aplausos e críticas, o que é normal nos locais onde existem democracia e pluralidade de informação.
Em menos de um mês, se contarmos desde Outubro passado, é provável que os campos de análise se tenham alterado significativamente, havendo hoje muita gente que sente cada vez mais a necessidade de se regular e assegurar o controlo em relação ao desnorte que se vive nesta era das tecnologias de informação e das redes sociais.
Num curto espaço de tempo, por incrível que pareça, vários foram os exemplos de pessoas vilipendiadas de todas as formas por conta das suas acções, muitas delas sem quaisquer hipóteses de defesa, principalmente em portais que se dizem informativos.
Só a vinda da selecção da Argentina, que venceu os Palancas Negras num concorrido jogo no Estádio 11 de Novembro, reacendeu o debate em torno das notícias falsas. Num ápice, surgiram, num curto espaço, inúmeras publicações e conteúdos, muitos dos quais se destinavam a determinadas pessoas, incluindo entidades e figuras do próprio Executivo.
Ri-me bastante quando, há dias, li sobre duas meninas gémeas que tiveram a felicidade de pousar diante da estrela argentina e mundial Leonel Messi, detentor de oito bolas de ouro e um dos maiores futebolistas de sempre. Sem qualquer pejo, por algumas semelhanças capilares, houve quem associasse – e com alguma convicção – uma ligação com a ministra das Finanças, apontando-a como sendo a progenitora.
O que não condiz com a verdade. Na verdade, a menina vive até na periferia de Luanda, com os próprios pais, e o processo que ditou a sua escolha nem passou pelos bastidores do poder. Mas, para quem disseminou a informação, certamente os seus objectivos terão sido atingidos, os likes e, provavelmente, alguns tostões.
E outros, ainda de forma errada, não travaram partilhas nem tão pouco deixaram de defender as fake news. Mas o pior ainda estava por vir: e desta vez um outro criativo lançou para todos a informação de que o Executivo iria atrasar o pagamento dos salários da função pública, assim como da parcela em falta do 13.º salário.
Como era de esperar, a informação viralizou, até mesmo indivíduos com alguma responsabilidade política entraram em cena por conta desta fake news à busca de dividendos políticos, atirando-se contra quem está no poder e buscando colher louros para as organizações a que pertencem.
Um dia depois, um comunicado do Ministério das Finanças veio esclarecer que não está nem nunca esteve em causa o pagamento dos referidos salários. Entretanto, quem produziu a notícia falsa, com alguma subtileza, tinha os objectivos claros que visavam atacar o Executivo.
É claro que, ao longo deste tempo, um mês desde que o Executivo propôs o combate às fakenews, muitos são os angolanos que viram os seus nomes e as suas vidas vilipendiadas por gente desonesta e maléfica. Estes e outros, hoje, com certeza defenderão uma regulação e punição àqueles que se tornaram difamadores de plantão.









