As dificuldades, desafios e vicissitudes enfrentados por milhares de jovens e adultos na falta de emprego foram o tema dramatizado na peça teatral humorística “Kunangas Idiotas”, exibida no último sábado, 15, por actores e humoristas na LAASP, ex-Liga Africana, em Luanda
Escrita e dirigida por António Correia “Fofartes”, a peça trouxe ao palco da LAASP de um jeito dramático-humorístico aquelas que são as vicissitudes enfrentadas todos os dias por milhares de pessoas, sobretudo jovens, no seu dia-adia pela falta de emprego ou meio de subsistência. A peça, de cerca de uma hora e meia de duração, foi protagonizada por sete intervenientes, entre humoristas e actores teatrais.
A sátira junta o humor e o teatro para entreter e, ao mesmo tempo, reflectir sobre os desafios que se têm vivido pela falta de emprego que afecta maioritariamente jovens. “É uma sátira que junta stand-up comedy e teatro, em que os actores, com a interacção do público, protagonizam alguns momentos e situações que algumas pessoas desempregadas vivem ou enfrentam no seu dia-a-dia”, explicou Fofartes, encenador e director artístico do espectáculo teatral.
Entre sonhos frustrados, realidades sombrias e futuros ameaçados, os “kunangas” ao palco exprimem-se de várias formas, alguns lamentando e outros zombando da sua própria condição, desesperados com uma vida que pouco acreditam ter um outro rumo. Estigmas, desprezos, lamentações, incertezas, frustrações, agonias e outros desleixos e acomodações são alguns dos vários sentimentos que dominaram os protagonistas da peça e que, em palco, buscavam envolver o público, emocionalmente, nas suas realidades melancólicas.
Se, por lado, há aqueles que lamentam pela sua condição e incansavelmente vão em busca de oportunidades para inverter o quadro, por outro estão aqueles que se acomodam, abraçam a “kunanguisse” e decidem viver entregues à sorte, sem vontade de fazer um mínimo de esforço em mudar a realidade. É neste grupo similar e ao mesmo paralelo que a peça centralizou a cena.
“Sabemos nós que, quando estamos na condição de desempregados, nos atribuem vários adjectivos, entre eles o de ‘kunanga’, e quando é alguém mais que não faz nada para tentar mudar a sua situação, fica acomodado e a depender dos outros, torna-se um ‘kunanga idiota’, e é sobre estes que a peça procurou retratar”, explicou o encenador.
O espectáculo, de carácter inédito e exclusivo, teve a produção do grupo artístico Fofartes e contou com a participação de actores experientes e alguns promissores que buscam espaço e oportunidade na arte da encenação. Em palco, as actuações foram protagonizadas por alguns nomes já conhecidos do humor e do teatro, como os humoristas Nanter, Gorducho e Sargento Apito, as actrizes Celma Pontes e Ludmila Catarina e outros jovens actores promissores.
Segundo a organização, não se tratou apenas de peça teatral, mas de um convite à reflexão em torno da realidade vivida por milhares de cidadãos na busca pelo emprego e, ao mesmo tempo, um convite a encararem os desafios com motivação e bom humor, esperançosos de que quem vai à luta sempre alcança.









