De repente, no último sábado, 8 de Novembro, vime envolvido num encontro de jovens no Pátio da Rádio Mais em Luanda, que acabou sendo tão marcante. Havia mais de uma centena, entre expositores e visitantes, e um número considerável que marcara presença para ouvir algumas das prelecções agendadas pela organização.
Nos últimos tempos, o comum tem sido ver jovens lamentando, a maioria dos quais à espera do tão almejado primeiro emprego num país em que a taxa de desemprego é apontada como estando perto dos 30 por cento.
E este facto tem feito com que um número considerável de jovens tome uma posição crítica em relação ao Executivo, uma situação que tem sido trazida a público por meio de manifestações e desabafos, alguns dos quais agressivos, no incontrolado palco das redes sociais. Para muitos, uma oportunidade no sector público é a realização total de um sonho de uma vida.
As enchentes que se verificam sempre que há concursos públicos na educação, saúde e noutras áreas são uma demonstração desta necessidade e imperiosidade de se criarem mais postos de trabalho para uma maioria que não é possível ser absorvida por estes sectores.
O sector privado, apesar dos receios que muitos apresentam, é a única solução para agregar os quadros recém-formados, assim como muitos daqueles que acabaram por ser afastados até mesmo das empresas públicas por vários factores.
E a juventude, à semelhança do que acontece noutras realidades pelo mundo fora, joga um papel fulcral, não só esperando que lhes seja estendida a mão, mas sobretudo criando as soluções para desanuviar as crises e gerar riqueza.
E o que me foi dado a ver no sábado, 8, no Pátio da Rádio, foi isso mesmo:jovens, muitos dos quais ainda em completa tenra idade, expuseram as suas startups em vários ramos, demonstrando que, distante de um grupo que só critica e vê mal em tudo, há um outro grupo que cria e apresenta soluções para os variadíssimos problemas que a nossa sociedade apresenta.
Era possível divisar, num encontro em que muitos esperavam conhecimentos sobre empreendedorismo, finanças e administração, dezenas de rapazes e raparigas com projectos bem conseguidos, marcas criadas e que já se lançaram num mercado cada vez mais exigente e promissor.
Distante dos receios comuns que se observam em muitos ainda na faixa dos 20 ou 30 anos, pude ver, no sábado, em conversas e nas bancas em exposição, projectos muito bem alinhados que nos próximos anos se podem transformar em negócios extremamente rentáveis e os seus promotores se tornarem bem-sucedidos sem um dia terem visto como única alternativa para as suas vida o ingresso na função pública ou num organismo do Estado.
Num mundo cada vez mais competitivo, onde a tecnologia tem estado na vanguarda das grandes transformações, têm sido muitos os exemplos de jovens que acabam por se transformar nos mentores de projectos que acabaram por alavancar as economias de muitos estados.
Em Angola, embora ainda exista um grupo considerável de jovens que prefere se mobilizar para manifestações e outros tipos de culpabilização das autoridades governamentais, felizmente vai-se também assistindo à existência de um número significante daqueles que querem participar do processo.
Agora é imperioso que as instituições estatais e as financeiras possam ter acesso a estes rapazes e raparigas para que amanhã se apresentem como os criadores e empresários deste país que há muito clama por um sector privado competitivo e criativo.
Às vezes, um pequeno passo pode ser o início de uma grande história daqueles que sem receio se apresentaram aos da sua geração como exemplo a seguir.









