A cortina do palco do CCB, em Luanda, abriu-se entre assobios e aplausos do público apreciador da boa música clássica, voltada para um reportório em torno do tema “Minha Terra”, de Rui Mingas, interpretado pela célebre Orquestra do Cinquentenário. Com este tema foi aberto o espectáculo, numa homenagem à Identidade Nacional, com arranjo sinfónico de Jamberê
Na noite vespertina que reuniu centenas de espectadores, vindos de diferentes circunscrições de Luanda e não só, a Orquestra do Cinquentenário proporcionou uma viagem memorável no tempo com temas como “Toreadores da Ópera Cármen”, do músico francês, Georges Bizet, um testemunho que fala do poder da música como escola de disciplina e amizade.
Prosseguindo, a Orquestra esgravatou do Baú o tema “Sinfonia n.5 em Dó Menor, Op 67- I Movimento, de Ludwig Van Beethoven, da Alemanha, num momento em que silêncio ameaçava quando não podia o som da sua própria criação. Nesta magnifica viagem as intérperies, os espectares foram ainda brindados com o Prelúdio da Bachianas brasileiras n.4, de Heitor Vilas Lobos, do Brasil.
Nesta peça em que o autor homenageia o espírito humano, a música foi tocada sem maestro, uma decisão simbólica que demonstra o amadurecimento e confiança desses jovens músicos formados em projectos sociais que têm transformado vidas em todo o pais. Da Finlândia, a Orquestra presenteou o público com o tema “Finlândia Op 26”, um Hino a liberdade, composta num tempo em que o finlandês sonhava com a sua independência. Está sonoridade recorda-nos que até nas horas mais sombrias a arte pode unir povos e curar feridas.
Hoje, 50 Anos após a Independência Nacional, o tema ressoa em Angola com uma verdade profunda. Sem um tempo determinado para cada momento, inesperadamente, o sucesso Jean Sibelius e “ Marcha Eslava, Op. 31, de Piotr I. Tchaikovsky, da Rússia, faz soltar lágrimas de quem este período viveu e sentiu.
Já nos momentos seguintes, deste concerto, os instrumentistas, visivelmente inspirados, vasculhando o Bau, catapultaram as subtilezas como o “Batuque da Suite Reisado do Pastoreio”, do brasileiro Oscar Lorenzo, “Dança de Chico Rei e da Rainha Njinga “, do também brasileiro, Francisco Prosseguindo, a orquestra interpretou ou o tema Mignone e “Muxima” de Liceu Vieira Dias, com arranjo sinfónico de Emanuel Mendes. Trata-se de uma canção de Angola, Símbolo do Amor e Fé do nosso povo interpretada por Emanuel Mendes.
O show com a duração de 1 hora, celebrou também a coragem de uma geração que acreditou que os sonhos podem ter som. E, nesta ordem de ideias, a Rapsódia Angolana não se fez passar despercebida e impos-se com o temas, “País Novo” de Matias Damásio e “Ntoyo”, com arranjo sinfónico de Jamberê. São canções que atravessam gerações e continuam a ensinarnos que a verdadeira independência nasce nasce quando o país acredita nos seus filhos.
Curiosamente, esta jovem Orquestra que não nasceu por acaso, foi engravatando para o gáudio dos amantes da Música Classica, relíquias que o tempo já mais apagará. Cada momento de atuação foi como um resultado da sua formação, dedicação e aprendizagem intensiva. Cada instrumento utilizado em diferentes actuações a Orquestra, foi conquistado com esforço, noites de estudo, disciplina e fé.
Muitos destes jovens tocaram as primeiras notas em escolas em escolas modestas, sem imaginar que um dia fariam parte de uma Orquestra Sinfônica Nacional. Na verdade, os jovens instrumentistas, integrantes desta magnífica Orquestra, representam o renascimento da Música Clássica Angolana, e som da esperança de um país inteiro.









