Para as civilizações milenares, ainda engatinhamos na cronologia do tempo, temos apenas cinquenta anos. Somos jovens no calendário dos impérios, mas gigantes no espírito. Em 2023, Angola levantou-se com força no cenário do karatê mundial com apenas oito atletas, mas com a vontade de milhões, colocaram o nosso país no topo do mundo, ao conquistarem o título de campeões mundiais de karaté no 10.º Campeonato da JSKA World Federation, em Lübeck, Alemanha.
Agora em 2025, não foi só a medalha que se repetiu, foi o espírito, a entrega. O amor por uma pátria que ensina que sonhar, mesmo em terra batida, é a primeira forma de vencer.
Revalidamos o título com a mesma coragem com que se ergue uma nação, e mais eliminamos três selecções na final, num só tatami. Um feito tão retumbante que os derrotados recusaram subir ao pódio, a vergonha calou os aplausos deles mas o silêncio era o nosso orgulho. Este triunfo é colectivo, é dos atletas e de quem acredita no desporto como ferramenta de transformação.
Numa altura em que algumas vezes se questiona o valor do desporto, Angola responde com medalhas, mas acima de tudo com valores como a persistência, patriotismo, união e trabalho. E esta geração mostrou que o karatê angolano é guerreiro e também vencedor.
Naquela lona japonesa, não estavam apenas os atletas, estava Angola e o seu povo que vibra com as vitórias da pátria. Estava a luta de quem treina sem ginásios climatizados, de quem aprende karaté em pátios de terra e cimento, com muito mais coração do que recursos.
Fomos chamados de desconhecidos, ignorados nas previsões mas também fomos nós que transformamos a descrença em respeito e admiração. Com a disciplina desta arte marcial e a fé que se leva no peito, Angola ensinou que uma potência não se mede apenas em fama mas também em crença e confiança. Neste tatami cabia o mundo e nele, com humildade, Angola escreveu o seu nome com letras de suor e ouro.
Não há troféu maior que ver um país inteiro representado com dignidade e brilho além fronteiras. E enquanto houver atletas que levem Angola no coração como uma arma invisível, nenhuma derrota será permanente e nenhum desafio será impossível.
Por: Luís Caetano









