Para o economista Agostinho Mateus, o caminho para que a agricultar se transforme num verdadeiro sistema económico, implica a libertação do comércio rural, garantindo estradas funcionais, crédito agrícola efectivo e mercados locais organizados. Recuando para os últimos 23 anos, de paz efectiva para realçar que o foco esteve na reconstrução física, mas não se consolidou a reconstrução económica rural.
“Faltou uma política de infraestruturas de escoamento e de mercados locais, bem como uma verdadeira descentralização orçamental que desse autonomia às províncias para reabilitar as estradas secundárias e terciárias, que ligam o campo à cidade”.
Com o nível de alocação do OGE 2025, Agostinho Mateus pensa que dificilmente o sector conseguirá financiar infra-estruturas agrícolas, apoiar a extensão rural ou promover a investigação e a inovação tecnológica.
Para o especialista, mais do que o volume, preocupa a qualidade da despesa, pois uma parte significativa dos recursos é canalizada para programas administrativos centralizados, e não para intervenções com efeito multiplicador sobre a produção e o rendimento rural.
Um OGE com estas características não se torna um instrumento de transformação agrícola, mas de gestão corrente. “O verdadeiro bolo da agricultura estará, portanto, na capacidade de mobilizar investimento privado, o que exige do Estado políticas consistentes para reduzir os custos de contexto, melhorar as vias de acesso, garantir segurança jurídica e transparência nos mercados”, disse.
Em termos estatísticos e de sobrevivência, a agricultura continua a absorver parte considerável da força de trabalho, sobretudo no meio rural. Mas, o economista alerta ser essencial distinguir entre emprego produtivo e ocupação de subsistência.
Grande parte dos trabalhadores agrícolas vive da agricultura, mas não vive bem dela: “falta produtividade, mecanização, acesso a mercados e estabilidade de rendimentos. Podemos, portanto, afirmar que a agricultura emprega muito, mas rende pouco, e é essa equação que deve mudar”.
Elevar a produtividade rural, promover cooperativas modernas e criar cadeias de valor agroindustriais que integrem o produtor local à indústria e ao mercado urbano são passos fundamentais para transformar o sector num verdadeiro motor de diversificação.









