Numa altura em que o país está a celebrar 50 anos de independência nacional e soberania, o historiador, antropólogo e pesquisador cultural, Filipe Vidal, destaca a importância de se relevar os aspectos culturais, por entender que eles são a verdadeira demonstração de soberania e independência de um povo ou nação. O pesquisador defende também a reconstrução da história de Angola, começando com uma narração que remonta séculos antes da chegada do colono europeu
Num ano em que a nação celebra cinco décadas de afirmação da sua independência e soberania em África e no mundo, considera-se oportuno pensar, reflectir, analisar e discutir sobre os aspectos que sustentam esta soberania plena e indiscutível.
Para uma nação que se vai afirmando diante do mundo como autora da sua própria história, do seu próprio desenvimento, defensora da sua soberania e da sua identidade única e inigualável, Angola tem na sua cultura uma “ferramenta-chave” para a reafirmação deste princípio soberano, como considera o especialista Filipe Vidal.
O pesquisador entende que, antes mesmo de se falar de soberania do ponto de vista político, económico ou militar, é preciso que se olhe primeiro pela identidade cultural desta nação, sua forma de estar, de falar, de se vestir, de pensar e de agir.
Segundo Filipe Vidal, não se pode falar de independência ou autonomia se deixarmos de parte os aspectos culturais, que são as raízes identitárias de todo e qualquer povo. Sublinha que estes são os elementos fundamentais que de facto revelam a independência de uma nação.
“A pátria mais segura de um povo é a sua cultura porque a cultura é a base de tudo. A cultura é o útero de uma nação, é ela quem nos define como povos e nos diferencia dos outros”, afirmou o antropólogo.
Para si, a independência é algo que começa com a liberdade e autonomia ideológica, com a capacidade de pensar e reflectir de forma independente e só depois é que esta independência é materializada nas questões políticas, económicas, sociais e militares.
Neste sentido, defende primeiramente que é preciso “descolonizar” as mentes africanas, começando pelos líderes dos países do continente berço e, em seguida, pelo povo.
Reforça que este procedimento a que chama de “descolonização mental” deve abranger as famílias, as igrejas e sobretudo as instituições de ensino, sugerindo uma reformulação do sistema nacional de educação.
“Nós precisamos primeiramente descolonizar as nossas mentes porque, pelo que tenho visto, os líderes africanos ainda são praticamente colonizados, traçam as políticas de educação a olharem para as instruções do ocidente, e isso precisa de ser mudado se queremos ser um país verdadeiramente independente”, defende o académico.









