De fora terão ficado muitos daqueles que mereceriam o reconhecimento do Estado angolano nestas comemorações dos 50 anos de independência.
Afinal, muitos são os filhos de Angola que, com suor, sangue, dor e luto, escreveram as páginas desta Nação que, no próximo dia 11 de Novembro, celebra meio século desde o fim do colonialismo português.
Como já se previa, nesta fase, muitas serão as críticas por parte dos que terão ficado atrás, muitos deles por alegada injustiça, e outros por não reconhecerem alguns daqueles que estiveram no Hotel Intercontinental, ao longo dos últimos meses, para serem condecorados. Uma recordação que se levará pela frente. Ao longo deste tempo, houve quem se tivesse manifestado contrário, declinando a homenagem.
Uns alegadamente porque se tinha deixado de lado figuras que fizeram muito pelo país, entre as quais os líderes fundadores da FNLA, Holden Roberto, e da UNITA, Jonas Savimbi.
E outros buscando como argumentos o facto de o país viver uma crise económica e social, como se esta situação devesse impedir que as autoridades angolanas condecorassem os cidadãos nacionais e estrangeiros que se notabilizaram ao longo dos anos para o alcance da independência, a busca da paz e o desenvolvimento socioeconómico em construção.
Entre os que renunciaram e os que aceitaram, a diferença é estrondosa. Abismal. Não havendo sequer comparação possível em termos numéricos, embora se reconheçam os direitos de escolha de quem tenha assim agido e os motivos evocados por estes.
Mas, a verdade é que hoje, 6 de Novembro, Holden Roberto e Jonas Savimbi serão homenageados por tudo quanto fizeram pelo país. Um reconhecimento que nos últimos meses originou acesos debates a nível de círculos políticos, sociais, académicos e na própria imprensa.
Durante o discurso sobre o Estado da Nação, o Presidente da República, João Lourenço, quebrou quaisquer equívocos que poderiam existir, tendo reconhecido a imperiosa necessidade de se prestar o devido tributo às figuras mais marcantes do nacionalismo angolano, entre as quais Holden Roberto e Jonas Savimbi. O que se deverá materializar, indubitavelmente, na cerimónia desta quinta-feira.
Para muitos, os argumentos que vinham evocando acabaram por se esfumar. O que se procurava agora levantar era a questão das categorias em que se vão atribuir as medalhas a estes nacionalistas, havendo muitos com sentimentos exacerbados de que se deveria colocar na mesma posição estes nacionalistas com o primeiro Presidente da República, António Agostinho Neto.
Sem desmerecer a participação no processo de muitos nacionalistas, alguns até anteriores ao então Presidente Agostinho Neto, ainda assim, é imperioso que se reconheça o papel que o primeiro Presidente desempenhou para Angola que, no próximo dia 11, celebra 50 anos de independência.
A história registou – e será assim até ao fim das nossas vidas – que quem proclamou perante a África e o mundo a independência do país foi o Presidente António Agostinho Neto.
Um feito que não tem igual, apesar do sonho igualitário que muitos ainda vão manifestando, independentemente do papel que cada um tenha jogado no processo de Alvor.









