Ilustre coordenador do Jornal OPAÍS, saudações e votos de uma boa terçafeira. Acredito que falar com filhos é meio chato às vezes, sim, especialmente quando eles têm teorias brilhantes sobre como o universo gira em torno deles, mas é justamente aí que o diálogo faz milagre.
Quando um miúdo sente que pode falar, mesmo dizendo tolices monumentais, ele aprende a organizar ideias e a diferenciar fantasia de lógica. É quase um treino de humanidade.
Se os pais não conversam, os filhos vão buscar respostas no ar, nos amigos igualmente perdidos ou na internet, que está sempre prontinha para transformar uma dúvida inocente numa confusão épica. O diálogo é o filtro que impede a criança de crescer acreditando em tudo o que vê.
Serve para ajustar valores, alinhar expectativas e evitar que o pequeno génio ache que pode decidir a vida inteira com base em vídeos de 10 segundos. Também existe o detalhe básico.
É preciso perceber que conversar cria vínculo. E sem vínculo, os pais viram apenas figurantes com quem a criança divide um espaço. A presença emocional nasce dessas conversas banais, repetitivas e até irritantes. É nessas trocas que o miúdo entende que existe alguém do lado dele, mesmo quando ele está impossível.
Por:  Fernas Sousa
 Luanda, São Paulo
			




							



