A “saga” que envolve o Grupo Castel Angola e o colectivo de trabalhadores do mesmo grupo voltou a ter mais um capítulo na última sexta-feira, 31 de Outubro. Depois de várias rondas de negociações e de duas conferências de imprensa, nesta última ficou confirmado aquilo que já estava previsto: a greve
Em assembleias de trabalhadores, realizadas não apenas em Luanda, mas noutras províncias, nomeadamente Cabinda, Huambo e Huila, os mais de 3000 indivíduos decidiram paralisar os serviços a partir nos dia 17 estendendo-se até ao dia 19 do mês em curso, numa primeira fase. A ideia inicial, realizados os primeiros encontros, era que se fizesse uma greve de um dia, porém, reuniões subsequentes levaram os trabalhadores a decidirem paralisar por três dias para atentar à entidade patronal quanto à postura tomada.
“Os trabalhadores estavam insatisfeitos com a ideia de um dia, por achar que isso daria ’tranquilidade’ ao patrão e que estaríamos a fingir estar com ele quando não”, frisou o secretário-geral do Sindicato Nacional dos Trabalhadores de Empresas de Bebidas e Similares, José Rufino, sobre a razão da mudança de opinião.
José garantiu que os comandos policiais locais já tem conhecimento da greve, pelo que ressalva que a ideia não é promover vandalismo ou desrespeitar a entidade patronal, mas clamar pela melhoria das condições laborais, pelo que apela aos trabalhadores a se manterem serenos. Lembrando que este jornal noticiou sobre a penúltima assembleia de trabalhadores, realizada na última Quarta-feira (29), que seria para ajustes da então convocada greve.
Outrossim, os trabalhadores garantem ainda que os serviços mínimos das empresas serão resguardados, como consequência do plano de contingência levado a cabo obedecendo os pressupostos legais.
Garantem que, dado o facto de não se desencadear numa brevidade de tempo, há a vontade, por parte dos queixosos, de ouvir a outra parte e demais entidades que estão a intervir no processo “Nós não temos uma relação de ‘costas totalmente viradas’ com a entidade patronal, o respeito e a urbanidade mantém-se, o dever de continência também está a ser observado e mesmo no âmbito dessas declarações de greve, todos pontualizaram e sintetizaram com a sua integralidade o facto de se preservar e respeitar os condicionalismos de contingência”, frisou o secretário-geral.
De acordo com José Rufino, além da esperança de que chegarão a bom porto, os implicados não querem manter o clima tenso com a direcção do grupo por muito tempo, mas aguardar a resposta da classe empregadora.
Trabalhadores da Nocal não vão à greve A declaração da greve careceu da aprovação dos trabalhadores das empresas filiais do Grupo Castel Angola. Em Luanda, das cinco em presas, apenas a Nocal decidiu não aderir à paralisação. “Nesse momento, os trabalhadores da Nocal decidiram recomendar a comissão sindical contra a negociação. Então, das cinco empresas do grupo holandês, quatro aprovaram a declaração da greve”, explicou Alberto Sebastião, secretário-geral do Sindicato Provincial dos Trabalhadores das Indústrias de Bebidas e Similares de Luanda.
Quando perguntados sobre se tinham notificado o Ministério do Comércio, o colectivo de trabalhadores afirmou que não houve contactos de modo formal, “porque o formal era documentado”, mas que receberam uma resposta por via da mensagem que houve com a direção do Grupo Castel Angola. “Também por conta de um convite das entidades nacionais que nos ligaram porque estão interessados em nos devolver a conversa, e nós estamos de bom grado para isso”, frisou José Rufino.
Pelo que contaram, a conversa poderá ser levada ao Ministério do Comércio, para que manifestem o seu posicionamento e a razão pela qual decidiram aderir à greve.
A declaração da greve permanece numa altura em que o sindicato afirma estar à espera de um convite por parte do grupo empregador para a retoma das conversas. Alberto Sebastião falou de um possível barramento feito contra o secretário-geral do sindicato dos trabalhadores e o seu adjunto.
“Mesmo sendo trabalhadores da empresa Cuca, não lhes foi permitido o acesso à empresa, algo que denunciámos em assembleia junto dos inspectores que assistiram às assembleias”, concluiu. A realização da greve vai depender das possíveis ocorrências até 17 de Novembro e do posicionamento da direção do Grupo Castel Angola.









