Um ano depois da implementação na Nova Divisão Político-Administrativa, que esteve na origem das novas províncias de Icolo e Bengo, Cuando e Moxico Leste, ainda paira em muitos algum cepticismo quanto ao processo e aos seus frutos.
Para muitos, era preferível manter como estava, ou seja, Angola continuar com as 18 províncias, e intactos os territórios de Luanda, Moxico e Cuando Cubango. Na realidade, esta é uma das discussões que ainda existem em muitos círculos, incluindo na daqueles que têm uma visão mais luandizada ou citadina das grandes cidades, desconhecendo completamente a realidade e a extensão concreta das duas últimas províncias acima mencionadas.
Longe de uma discussão não académica e científica, muitos desconhecem até que houve, em tempos anteriores à chegada ao poder do Presidente João Lourenço, académicos e muitos especialistas que se batiam, na época, por uma possível divisão do Moxico, por exemplo, como forma de se puder melhorar a própria administração do Estado e, com isso, levarse os serviços mais priximos aos seus populares.
Quando visitei com dois amigos a Jamba, o antigo quartel do Galo Negro, incrustada nas matas do Cuando-Cubango, percorremos durante cerca de três dias dentro desta mesma província para se ter acesso ao local.
Foram centenas de quilómetros de estrada, alguns dos quais em território namibiano, entre Katuitui, Rundu e Cheto para se atingir aquele que já foi um dos mais guardados locais até cair às mãos das Forças Armadas Angolanas. Assim como este espaço, existem outros pelo país em que para se puder lá entrar são necessárias dezenas de horas, estradas e os seus cidadãos nem sequer têm noção da existência da própria administração do Estado, nem tão pouco os serviços prestados por este.
O Cuando Cubango e o Moxico são só dois pequenos exemplos da imensidão de terras que Angola possui. Existem outros casos, como Malange e Uíge, por exemplo, que um dia deverão merecer a mesma sorte e daí saírem outras províncias, em que as suas aldeias, comunas e municípios possam ter serviços, sem que os seus habitantes e funcionários tenham de percorrer e pernoitar dias fora da circunscrição para se ter acesso a um banco para levantar os respectivos salários.
Nos últimos dias, como reforça a manchete de hoje do jornal OPAÍS, foram anunciados concursos para a construção de infra-estruturas que poderão, a breve trecho, melhorar significativamente as vidas das pessoas que neste momento vivem nas províncias do Cuando e do Moxico Leste.
Pelo leque de projectos em curso, assim como de infraestruturas que nos próximos anos serão erguidos e inaugurados, certamente que muitos dos cidadãos destas circunscrições dirão que terá valido a pena a divisão das províncias que integravam e fazer parte das novas já visitadas pelo Presidente da República, João Lourenço. Claro está que as críticas existirão sempre.
Mas o sucesso destas empreitadas e a melhoria do bem-estar destes populares, com melhores serviços de saúde, educação, água e saneamento básico, sobretudo, servirá de barómetro para frear as convicções daqueles que sempre se manifestaram contra, mesmo não oferecendo soluções para contrapor aquilo que é hoje a Nova Divisão Político-Administrativa.
 
			 
					



 
							



