Quem pode lecionar a disciplina de português afinal? • O mundo está cada vez mais dinâmico, a globalização acelerou e a busca específica por áreas de formação e profissão também aumentaram.
Anteriormente, pela escassez de quadros especializados, um professor poderia dar aulas de química, biologia e matemática, hodierno, a realidade é paralela, se antes se admitia um estudante de direito lecionar direito e português, hoje o aparelho do estado já não admite essa realidade para os concursos públicos, tal exigência muito se consta no ensino público-privado e privado.
Então quem pode lecionar a disciplina de Língua Portuguesa? Qualquer estudante cujo curso tenha essa cadeira? Um estudante de comunicação social, jornalismo, redação ou oratória? Quem? • Uma pergunta assaz pertinente que, volte e meia, muitos a fazem.
Para ripostá-la, numa proporção um tanto radical poderia se dizer que, assim como um electricista não pode fazer um curativo a um paciente só porque entende um pouco de tratamento de feridas, assim como um sociólogo ão pode fazer um acompanhamento psicoterapêutico a um indivíduo com depressão ou ansiedade generalizada, um não especialista na área não pode lecionar a Língua Portuguesa! Outrossim, a Língua Portuguesa como qualquer uma outra disciplina, exige obrigatoriamente a presença de um especialista em ensino da mesma ou similar, a ser assim, quem deve lecionar Português são estudantes que fizeram: (1) o magistério de língua portuguesa no médio, (2) (3)ISCED, (4)ESP.
Em se tratando de similares temos, (5) estudantes que fizeram Línguas e Literaturas em L. Portuguesa pela FHUAN, cursos de Português pelas Universidades: Católica, Metodista, entre outras que tenham o curso de Língua Portuguesa. As prioridades para lecionar a disciplina de português são voltadas aos estudantes que se formaram nessas instituições, recebendo assim, o título de Especialistas em Língua Portuguesa.
• Os estudantes que fizeram formações de professores na especialidade de português, têm, geralmente, competência total (ou parcial) para ministrar a disciplina com base a capacitação que este teve durante o período de formação, assim é muito arriscado alguém não especialista lecioná-la, pois este não tem domínio da didáctica da língua portuguesa, didáctica do oral, não domina a didáctica da literatura angolana, moçambicana, cabo-verdiana ou lusófona no geral, deste modo como esse professor vai ensinar a hermenêutica dos textos literários e não literários com os manuais de português? De que forma esse professor ensinaria a metodologia interpretativa dos elementos culturais, endógenos, exógenos, ficcionais da literatura e cultura angolana ou africana de expressão portuguesa? De que forma? Um professor que não teve preparação linguística ao seu todo não está apto para lecionar língua, por esse despir-se de saberes atinentes às línguas nacionais (bantu), dialetos, idioletos, usos e interferências linguísticas no geral.
Entretanto, esse professor não tem conhecimentos de psicolinguística nem de sociolinguística, o que pode resultar em transmitir um ensino deficitário aos alunos, recorrendo à técnica mecanizada de decorar o “certo” e “errado” como forma de ensinar português, uma pedagogia fracassada.
Ensinar a língua vai muito além de ensinar o certo e o errado aos alunos.
• Destarte, urge-se-nos abrir um parenteses, a capacidade de dominar esses e outros assuntos voltados à especialidade de língua portuguesa, não são exclusivas apenas aos estudantes da especialidade de português, mas de todos quanto estejam interessados e ávidos em aprender a didáctica geral da língua, assim como nem todos que fizeram português estão aptos para lecionar a disciplina, por estarem desprovidos de conhecimentos, métodos e competências, de igual forma um não especialista pode lecioná-la se tiver competências da didáctica do português, competências essas nos seus variados níveis, linguístico, comunicativo e metodológico.
Por: Thadélcio Mateus
Professor de Língua Portuguesa









