A expedição científica Mosa 2025 revelou importantes descobertas paleontológicas na região de Bentiaba, província do Namibe, incluindo fósseis raros de peixes pré-históricos, tartarugas marinhas, plesiossauros e um mosassauro com cerca de 11 metros de comprimento
Os achados que marcam um novo capítulo para a investigação científica no país, resulta da da primeira fase da expedição, realizada entre 18 e 24 do corrente mês, foram apresentados neste sábado, 25, em conferência de imprensa no Museu Nacional de História Natural.
O projecto integra o PaleoAngola e contou com a participação de 18 cientistas nacionais e estrangeiros. Segundo a directora do miseu, Ana Soraya Marques, esta é a primeira vez que o Museu Nacional de História Natural participa integralmente em todas as fases de um projecto paleontológico, desde a escavação até à preparação do material recolhido em território nacional.
“Foram encontrados vários fósseis de plesiossauros e mosassauros, animais marinhos do tempo dos dinossauros, com cerca de 66 milhões de anos, do período Cretácico”, explicou.
A próxima fase da expedição está prevista para Abril e Maio do próximo ano, com uma equipa de trabalho maior e foco no material deixado na bacia do Namibe, considerada uma das zonas mais produtivas.
Contudo, a directora alertou para a falta de infraestrutura adequada no Museu, nomeadamente a ausência de um laboratório equipado para tratar e conservar os fósseis. “Sem um laboratório preparado, não é possível estudar adequadamente o material recolhido”, lamentou. Marques defendeu que a reestruturação em curso no museu deve incluir a requalificação do laboratório, para evitar que os fósseis continuem a ser enviados para o exterior, um processo dispendioso e demorado.
“O mosassauro encontrado, por exemplo, foi preparado fora do país e está a caminho de regresso. Precisamos criar condições para receber e preservar esse material em Angola”, acrescentou.
Importância científica e patrimonial
O evento contou com a presença da secretária de Estado para a Cultura, Maria da Piedade de Jesus, em representação do ministro Filipe Zau. A governante destacou o impacto do projeto para a valorização do património científico nacional. “Este trabalho tem um impacto enorme para Angola.
Em termos arqueológicos, o país ainda é quase virgem, há muito por descobrir. O Namibe, com mais de 65 milhões de anos de história geológica, revela uma riqueza patrimonial incalculável”, afirmou.
Maria da Piedade destacou ainda a inclusão de estudantes, professores e membros da comunidade local na expedição, o que fortalece a ligação entre a ciência e as populações. “São os próprios residentes que se tornam guardiões destes sítios e da sua importância”, concluiu.
O artista plástico e realizador Tiago Mena Abrantes, que integrou a equipa, produziu um documentário que acompanha todo o processo científico, desde as escavações até à análise dos fósseis, dando voz a jovens e estudantes angolanos que participaram ativamente na investigação.









