O apelo à preservação e valorização do património cultural foi lançado no âmbito da recém-realizada Mesa-Redonda sobre “Salvaguarda do Património Cultural Imaterial”, que teve lugar no Palácio de Ferro, em Luanda
Técnicos do Instituto Nacional do Património Cultural (INPC), estudantes universitários, representantes da UNESCO, académicos e outras individualidades reuniramse para reflectir em torno do tema “A Salvaguarda do Património Cultural Imaterial em Angola”.
A Mesa Redonda, que teve como prelector o especialista em Património e Museus Emanuel Caboco, decorreu sob a égide do INPC e teve como propósito assinalar o Dia Internacional do Património Cultural Imaterial, celebrado a 17 de Outubro.
Durante a intervenção, Emanuel Caboco abordou o conceito e a evolução do património, transformando a sessão num espaço de diálogo sobre a valorização e a salvaguarda do património cultural imaterial no país.
O debate suscitou questões sobre o estado actual de diversos monumentos, tanto em Luanda como na província do Namibe. O Tenente-General José Miguel Gama manifestou preocupação com a degradação de monumentos históricos como a Cacimba do Rei, na Samba, e os edifícios Biker e Lello, na Baixa de Luanda. Questionou se o INPC dispõe de um plano de acção para a recuperação destes espaços.
Em resposta, Emanuel Caboco afirmou que a instituição pretende, na medida do possível, trabalhar em conjunto com as comunidades e as entidades locais para encontrar soluções adequadas.
Também o jovem arquitecto Anderson levantou questões sobre a preservação da Estação Arqueológica de Tchitundo Hulo, no Namibe, tendo o especialista garantido que o monumento está inventariado e que, logo que as condições o permitam, será alvo de intervenção.
Durante o encontro, Caboco apelou à sociedade para valorizar e proteger o património imaterial como elemento essencial da coesão social, da memória colectiva e da continuidade das identidades culturais.
Sublinhou ainda que o património imaterial é “um testemunho vivo da criatividade humana e um elo entre gerações”, exemplificando com manifestações como a dança, a música, os hábitos, os costumes e os conhecimentos tradicionais.
O especialista reforçou que a preservação do património cultural é um compromisso colectivo e uma forma de garantir que os saberes e tradições que moldam a identidade das comunidades sejam transmitidos às gerações futuras.
Recorde-se que a 17 de Outubro de 2003 foi aprovada a Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial, durante a 32.ª Conferência Geral da UNESCO.