O início da jornada académica como estudante universitário é, sem dúvidas, um dos momentos mais marcantes da vida de qualquer jovem. Tudo é novo: o ambiente, os colegas, os professores, os métodos de ensino e, claro, as responsabilidades.
É uma mudança brusca para quem vem do ensino médio, onde muita coisa ainda era “empurrada” pelos professores. Diz o ditado: “melhor é o fim do que o início das coisas”.
No entanto, começar bem é essencial. Na universidade, um bom início é meio caminho andado para um final bem-sucedido. Começar bem não se resume a ter notas altas nas primeiras cadeiras, mas vai muito além disso. É saber o que fazer com esse novo mundo em que se entrou. É ter a humildade de reconhecer que, embora o futuro dependa do esforço pessoal, ninguém chega longe sozinho.
Eu, particularmente, acreditava que entrar numa universidade em Angola seria como nos filmes americanos — American Pie — cheios de festas, amizades instantâneas e aquela liberdade toda. Mas a realidade bateu logo à porta, e era muito diferente disso.
A universidade exige resiliência, jogo de cintura e, acima de tudo, uma vontade real de aprender e crescer, pois existem muitos factores que podem condicionar o sucesso académico dos estudantes.
Muitos enfrentam dificuldades que vão além da sala de aula, como propinas elevadas, estruturas precárias, falta de apoio pedagógico e professores pouco acessíveis. Soma-se a isso a pressão financeira, a necessidade de trabalhar e a solidão dos que estudam longe de casa.
Continuar na universidade, por vezes, torna-se um acto de resistência, e cada estudante que chega ao fim da licenciatura carrega não só um diploma, mas uma verdadeira história de superação.
Desde o meu primeiro ano (em simultâneo ISCED-Luanda e UAN), percebi que precisava dar conta do recado. E é sobre isso que quero reflectir aqui: o que fazer quando se está começando o primeiro ano da universidade? A primeira dica é simples, mas poderosa: busque interagir com os estudantes do segundo ano até aos finalistas do seu curso.
Esses colegas já passaram por aquilo que você está a começar, sabem como os professores funcionam, conhecem os truques das cadeiras mais difíceis e podem mostrar-lhe caminhos mais inteligentes para estudar.
Além disso, procure obter os enunciados de provas passadas, apontamentos antigos e até dicas específicas para cada disciplina. Procure aliar-se aos estudantes aplicados, àqueles que são curiosos, participativos e organizados.
O convívio com pessoas focadas e com objectivos semelhantes é inspirador e cria uma rede de apoio para tirar dúvidas, partilhar apontamentos e formar grupos de trabalho produtivos. Quem anda com pessoas comprometidas acaba sendo influenciado positivamente.
Não se trata de desprezar ninguém, mas de se posicionar ao lado de quem o impulsiona e o motiva a dar o seu melhor. Mesmo com as limitações das instituições, muitas universidades oferecem bibliotecas e outros recursos.
Ser proactivo e autodidacta na busca por conhecimento extra é uma atitude que distingue um estudante comum de um excelente estudante. Aproveite tudo o que estiver ao seu alcance: plataformas online, materiais didácticos, explicadores e, hoje, até a inteligência artificial é uma aliada nos estudos. Actualmente, informação não falta. Falta, muitas vezes, vontade.
Por fim, não se esqueça: o percurso universitário não é uma corrida de velocidade, mas sim de resistência. Haverá cadeiras mais exigentes ou professores complicados, momentos em que vai pensar em desistir e dias em que tudo parecerá difícil.
Mas, se mantiver a cabeça firme, os pés no chão e o coração aberto para aprender, vai conseguir avançar. Uma estratégia que também usei e recomendo é dividir a experiência universitária em dois momentos.
Nos dois primeiros anos, o foco deve ser a adaptação: explorar o ambiente académico, entender o funcionamento do curso, participar em grupos de estudo, eventos, projectos de pesquisa e organizações estudantis.
Já nos últimos anos, o ideal é aplicar o conhecimento adquirido, conectar-se com o mercado de trabalho e com a sociedade, envolverse em iniciativas sociais, buscar estágios, participar em conferências, competições académicas e até empreender.
Ao fim e ao cabo, o primeiro ano pode ser assustador, mas é também a oportunidade perfeita para construir os alicerces de um futuro promissor. E é essa a lição mais importante que levo comigo: não basta entrar na universidade, é preciso fazer a universidade entrar em ti.
Por: WengiCassule