Hora matinal, no despertar da madrugada — SobOlhar, hoje, 10 de Outubro… O País ainda desperta do eco das palmas. No Bengo, onde o sol se ergue com a serenidade das grandes promessas cumpridas, ergue-se também a prova de que Angola sabe transformar fé em obra.
O Complexo Desportivo José Armando Sayovo não é apenas um edifício. É o símbolo tangível de um tempo novo, em que o discurso cede lugar à acção e o sonho se veste de cimento, dignidade e esperança. Como a sanzala que se junta para levantar uma casa, assim foi este projecto — colectivo.
Do Presidente da República, que em 2022 fez a promessa; ao Ministro Rui Falcão Pinto de Andrade, que a conduziu com visão, rigor e emoção; ao Presidente do Comité Paralímpico Angolano, Leonel da Rocha Pinto, cuja resiliência silenciosa se tornou o pilar moral desta causa.
No seu discurso, o Ministro lembrou que o centro é “mais do que tijolo e cimento — é esperança, inclusão e progresso”. E tinha razão. Cada pedra ali representa o esforço conjunto de um País que acredita que a inclusão é a mais alta forma de civilização.
Como o camponês que semeia mesmo na seca durante anos, Leonel da Rocha Pinto e os seus atletas semearam em terreno árido — com poucos recursos, mas com uma fé inabalável. Eis agora a colheita.
O Complexo José Armando Sayovo é a concretização do que parecia impossível: um espaço digno, moderno e acessível, onde o corpo e o espírito se reencontram para provar que a limitação física nunca será limitação de talento.
É também uma vitória moral. Porque o País aprendeu que o desporto paralímpico não é caridade, é excelência. Como o rio Kwanza, que nasce discreto e se torna grandioso assim será este centro. Nasce em Caxito, sereno, mas crescerá até se tornar referência africana do desporto inclusivo.
O Bengo, outrora esquecido, é agora o ponto onde a história muda de rumo. Daqui irradiará conhecimento, cooperação e orgulho nacional. Que venham o Brasil, Portugal, a China, e todas as Nações que acreditam na força do desporto para unir povos e curar feridas.
O Complexo Sayovo é a prova viva de que a boa política é aquela que se vê, se toca e se sente. É diplomacia feita em betão. É fé transformada em funcionalidade. E é também um aviso silencioso: quando a juventude é prioridade, o futuro torna-se possível.
Angola já não fala apenas de inclusão — Angola pratica inclusão. Dar a este espaço o nome de José Armando Sayovo é perpetuar a ideia de que a grandeza nasce da superação.
Sayovo não venceu apenas nas pistas — venceu na alma de um País que agora lhe ergue uma casa com o mesmo espírito com que ele ergueu a bandeira. O futuro da inclusão começa no Bengo, mas pertence a toda Angola.
Cabe ao Ministério da Juventude e Desportos e ao Comité Paralímpico garantir que este espaço viva todos os dias — com crianças a sonhar, técnicos a formar e atletas a inspirar. Porque o verdadeiro legado não é a obra inaugurada, mas a esperança que ela acende.
E, tal como o sol que nasce do Kwanza e se espalha sobre o País, esta esperança há-de iluminar cada recanto onde um jovem acreditar que o impossível também é seu. Sob o olhar de quem acredita que a política é, antes de tudo, humanidade em movimento.
Por: EDGAR LEANDRO