Num mundo cada vez mais globalizado, as línguas entram em contacto constante, trocando vocábulos, expressões e até modos de pensar. O português, enquanto língua viva e dinâmica, não escapa a esse fenómeno.
Dois conceitos fundamentais nesse processo são o estrangeirismo e o empréstimo linguístico, muitas vezes confundidos, mas que representam realidades distintas no funcionamento da nossa língua.
O estrangeirismo consiste na utilização de palavras ou expressões de outra língua, tal como são usadas no idioma de origem, sem qualquer adaptação à forma portuguesa. Exemplos frequentes são shopping, delivery, marketing, online ou feedback.
Estes termos, na sua maioria de origem inglesa, entraram no português por influência da economia global, da tecnologia e da cultura digital. Usamse, em geral, em contextos urbanos e modernos, conferindo um certo prestígio ou actualidade ao discurso.
No entanto, o seu uso excessivo levanta debates sobre a pureza e identidade do idioma. Já o empréstimo linguístico designa o processo pelo qual uma palavra estrangeira é incorporada e adaptada à fonética, à morfologia e à ortografia do português.
Assim nasceram vocábulos como futebol (de football), bife (de beef) ou garagem (de garage). Ao longo da história, o português tem recorrido amplamente a empréstimos, sobretudo do latim, do árabe, do francês e, mais recentemente, do inglês.
Estes enriquecem o léxico e tornam a língua mais expressiva e versátil. Importa, todavia, manter o equilíbrio. A língua portuguesa dispõe de recursos próprios para criar novos termos sem recorrer, em demasia, a vocábulos estrangeiros.
A criatividade lexical e o respeito pelas estruturas da língua são sinais de vitalidade e identidade cultural. Em síntese, o estrangeirismo e o empréstimo são inevitáveis reflexos da convivência entre culturas.
O desafio que se coloca aos falantes, professores e comunicadores é o de utilizar tais recursos com consciência crítica, valorizando o português sem o isolar do mundo. Afinal, uma língua não é pura por se fechar, mas por conseguir integrar o novo sem perder a sua alma.
Por: MORCOS DALA









