As imagens continuarão nas nossas memórias. Quem acompanhou a tragédia provocada pela seca no Cunene, há alguns anos, está longe de acreditar que aquela terra, tida como improdutiva por muitos, se pudesse transformar em pouco tempo num pólo de produção agrícola.
Durante alguns meses, em anos críticos, jovens e mais velhos procuram outros palcos para a pastorícia, observando aos poucos a morte do gado, uma das principais culturas da região. Os relatos passados à imprensa foram aterradores. As marcas presentes.
Pais que perderam filhos. E filhos que viram os seus pais partirem para a eternidade, assim como outros parentes que até então não padeciam de quaisquer maleitas. A falta de água ditou a sentença de centenas de populares e milhares de cabeças de gado. Numa mesma chimpaca, cheia de lodo, os humanos não se importavam de partilhar o líquido não potável com vacas, bois e cabritos.
A necessidade subjugava a moral de muitos e a sede ditava as regras da convivência. Anteontem, num pronunciamento que merece destaque, a governadora do Cunene, Geraldina Didalelwa, gaba-se de a sua província se ter transformado também num celeiro, produzindo trigo e outros produtos que vão impactando directamente a vida dos populares.
As zonas, antes áridas e sem esperança, deram lugar a campos verdes, com cereais e leguminosas, entre a agricultura familiar e industrial que vai ganhando terreno em muitas parcelas do referido território.
Para o sucesso que se verifica hoje, há um denominador comum: o canal do Cafu, uma aposta do Executivo do Presidente Jão Lourenço, desacreditada por muitos, mas cujos frutos vão ficando cada vez mais evidentes. Há poucos anos, a terra que era sinónimo de desespero para muitos transformou-se num local apetecível para viver.
Longe de lágrimas, gritos e outros males que antes tornavam a vida dos habitantes num autêntico calvário, mas que infelizmente vai ficando para trás depois de tanta dor produzida em épocas de seca gritante