Não há dúvidas de que a política externa mundial está no ápice esta semana por conta da cimeira das Nações Unidas, organização que celebra 80 anos de existência.
Angola, por intermédio do Presidente João Lourenço, igualmente líder da União Africana, está presente com uma delegação de alto nível.
Devido ao momento político que atravessa o Brasil, primeiro país a discursar, e os Estados Unidos da América, anfitrião, já se vislumbrava que a abertura da assembleia seria de algum modo conturbada.
Tudo porque, embora se escude em tarifas comerciais, o presidente norte-americano, Donald Trump, pretende imiscuir-se na política brasileira, desejando ilibar, inclusive, o então presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de prisão efectiva.
A condenação, levada a cabo pelo Supremo Tribunal Federal brasileiro, resultou, inicialmente, na decretação de sanções contra o juiz relator do processo que levou à sentença de Bolsonaro. De igual modo, outras medidas se seguiram, enquanto pairavam no ar a aplicação de outras sanções por parte do Governo de Donald Trump.
Com acções e um tom quase sempre populista, houve quem visse nas medidas de Trump meios suficientes para que o Governo brasileiro recuasse. O que não aconteceu em nenhum momento, tendo o presidente Lula da Silva reforçado em plena sessão da ONU a soberania do Brasil e a não ingerência em assuntos do poder judiciário, como pretendem sectores da direita americana.
Com prejuízos para os dois países, por conta das exportações e importações, viu-se quase sempre uma pujança firme de um país em que os seus líderes e grande parte da população apoiam para não ver violada de algum modo a sua soberania nem as suas instituições.
Nem mesmo os norte-americanos contando em seu solo com um senador brasileiro, por sinal filho do antigo presidente agora condenado e tornado inelegível.
Fossem outros estados na América Latina, Europa, Ásia ou até mesmo em África, seguramente que muitos dos seus líderes prefeririam violar as suas próprias instituições do que arranjar sarilhos com o quase autoproclamado ‘mayor’ mundial Donald Trump.
E não espantaria se políticos da própria oposição, incluindo em África, se manifestassem a favor de expedientes que violassem a soberania dos seus estados. É por isso que a construção de instituições fortes, mais do que líderes, é um grande passo para o desenvolvimento das Nações.
E o poder judicial é um dos pilares essenciais para que este processo se desenvolva, devido à segurança e certeza jurídica que buscam, incluindo investidores nacionais e internacionais.
Porém, o finca-pé do Brasil de Lula da Silva assenta também no progresso que assiste a nível da sua agricultura, na produção de cereais e carnes, que o catapultou à posição de um dos maiores exportadores deste produto a nível do mundo. É responsável por uma importante quota deste mercado.
É por isso que a bandeira da segurança alimentar levantada pelo Executivo angolano e a necessidade de investimento a nível da agricultura são um imperativo nacional, que deveria merecer a atenção da própria sociedade. Porque, afinal, comida é poder. E Lula da Silva interpreta isso muito bem.