Cordiais saudações, de acordo à hora do dia! Ilustríssimo Coordenador do Jornal OPAÍS, em Luanda! A “mixa”, também conhecida por “gasosa”, está presente no quotidiano dos luandenses em quase todos os serviços solicitados.
É uma prática comum que envolve tanto utentes de bens e serviços como servidores de instituições públicas e privadas, afectando negativamente a todos nós.
Quem nunca ouviu falar, dar ou cobrar ilegalmente a famosa “mixa” em troca de algum bem ou serviço que deveria ser gratuito? Nos hospitais públicos, paga-se uma “gasosa” para garantir atenção adequada a uma parturiente. Nos cartórios, paga-se uma “mixa” para agilizar documentos.
Na via pública, muitos agentes de trânsito pedem “gasosa” para libertar os documentos do condutor por alguma irregularidade durante a condução.Nos armazéns, paga-se uma “mixa” além do preço da mercadoria. Nas escolas públicas, paga-se uma“mixa”paraconseguiruma vaga para matricular o filho.
Pa- ra conseguir uma vaga de emprego,paga-seuma“mixa”.Para arrendar um imóvel, além do valor da renda, paga-se mais uma “mixa” ao intermediário… É “mixa” aqui, ali e acolá. E para quem se recusa a pagar? Recusar-se a pagar é cor- recto; entretanto, pode-se enfrentar tantas dificuldades para ser atendido que se acaba por desistir.
No caso de uma parturiente, será horrível, pois ela receberá um tratamento precário, consubstanciado em abandono. Então, a escolha é sua: ou paga a “mixa” ou enfrenta as consequências. A sociedade luandense parece estar viciada em cobrar e pagar “mixa” em tudo quanto é bem e serviço.
Está a despir-se das boas práticas que, por sinal, antes caracterizavam a sociedade angolana, a qual se alicerçava na solidariedade, no amor ao próximo e no exercício das funções laborais com zelo, comprometimento e competência. Muitos funcionários e utentes estão a normalizar a cobrança e o pagamento da “mixa”.
Solicitar um serviço que todos sabem ser gratuito e tudo correr bem, sem ser cobrado, já parece estranho à mente do utente: “— Não me cobraram nada?! Isso está estranho!”
Que se deve fazer para erradicar essas más práticas? Sem dúvidas, há que cultivar as boas práticas desde tenra idade nas famílias, promover e valorizar os bons comportamentos sociais, reprovar e denunciar as más práticas, punir exemplarmente os infractores. Stop à “mixa” no dia-a-dia dos luandenses.
POR: José Tomé Lubambo