Hoje é Dia de Neto. Se fosse vivo, o primeiro Presidente de Angola e fundador da Nação completaria 103 anos de vida. Quis o destino que viesse a falecer na então União Soviética, num dia 10 de Setembro de 1978. Seria ideal que os seus ensinamentos e aquilo que representou para os angolanos pudesse ser transmitido aos mais novos, independentemente de possíveis erros que possa ter cometido ao longo do seu curto reinado.
Apesar disso, há aspectos sobre os quais Angola e os angolanos nunca poderão escamotear. Aconteça o que acontecer, será de Agostinho Neto que recordaremos como aquele político que, num dia 11 de Novembro de 1975, proclamou, perante África e o mundo, a independência do país, num processo em que houve outros movimentos que, por razões várias na altura, tentaram travar.
Rezará para sempre que, antes de José Eduardo dos Santos e João Lourenço, existiu como Presidente da República Antônio Agostinho Neto, razão pela qual se deve prestar a devida vênia, embora durante o processo de luta de libertação nacional tivesse liderado o MPLA, à semelhança de outros líderes políticos como Holden Roberto e Jonas Savimbi.
Para este ano, a comemoração do aniversário de Neto tem um sabor especial. Acontece num ano em que o país assinala 50 anos de independência, depois de ele próprio ter liderado o acto inicial há quase cinco décadas. Um feito que jamais será ultrapassado por qualquer mortal.
Nos últimos tempos, por conta das condecorações, tem-se levantado um enorme debate sobre que título atribuir a Agostinho Neto e aos dois líderes dos movimentos de libertação. Se Neto jogou um papel à frente do MPLA, o mesmo se poderá dizer em relação a Holden Roberto, na FNLA, e Jonas Savimbi, na UNITA.
Os correligionários dos três assumem posturas diferentes em relação a este debate. Havendo mesmo aqueles que queiram colocar as três figuras, que já partiram do mundo dos vivos, no mesmo pedestal enquanto artífices da luta pela independência. É o que tem feito um número reduzidíssimo de cidadãos questionarem e até se furtarem do reconhecimento a quem têm direito.
Mas do outro lado, estão os que, apesar da importância que se atribui aos três, defendem que não há como não elevar Agostinho Neto a um lugar mais acima. Afinal, foi ele que proclamou a independência de Angola perante a África e o mundo, assim como se veio a tornar o primeiro Presidente da República de Angola.
Um facto que os outros nem em segundo, terceiro ou quarto chegaram em termos históricos, sem qualquer desprimor ao papel na luta de libertação nacional e até mesmo à implementação do processo democrático.