A ferimos que a linguística textual é o campo do saber que toma o texto como seu objecto de estudo. Logo, é a área da linguística que se funda a partir das diferentes concepções de texto. Por ora, para melhor alcance conteudístico e situacional, a prior, apresentamos as definições de texto e textualidade. Diferentes lexicógrafos e gramáticos discorrem sobre texto e textualidade.
Para os objectivos a que nos propusemos, a concepção mais assertiva coube a de José Pascoal que define o texto como sendo “a unidade de comunicação produzida ou compreendida em processo de interacção verbal” (1988, p.77).
A proposição apresentada abre várias acepções semânticas em relação ao conceito de texto. Por exemplo: O X é inteligente tipo o Y. A Maria tem o coração avariado por conta das desilusões amorosas.
Assim, é fundamental que se interprete o tecido verbal como sendo escrito ou oral que se estende do dito ao não dito, do escrito ao não escrito e as suas implicações.
Sabe-se que o texto é, sobretudo, um enunciado comunicativo e informativo com as suas objectividades e subjectividades tendo em conta as competências linguísticas dos seus interlocutores.
De salientar que o processo de produção textual envolve distintas nuances, por exemplo, aspectos culturais, antropológicos, sociais, políticos, psicológicos. Vejamos: O X comprou gados// O X comprou bois// O X é meu meio-irmão// O Y é meu irmão de pai// Quanto à textualidade recorre-se a Travaglia “a textualidade ou a textura é aquilo que faz de uma sequência linguística um texto e não um amontoado aleatório de palavras” (1989, sp). Logo, entende-se que o alinhamento sequencial de um texto é percebido quando aquele que o recebe é capaz de descodificar como uma unidade de significação global.
Obviamente que temos lidado com diferentes textos em determinados contextos. Textos de estruturas e sentidos distintos cujas finalidades também se diferenciam por conta do seu escopo.
Importa sublinhar que os textos apresentam níveis aleatórios de textualidade que são os traços que formam e transformam o conjunto de palavras num todo com sentido.
Importa elencar que a coerência e a coesão constituem em si dois vectores fundamentais que sustentam a semântica e a sintaxe do texto. Por exemplo: Não queres sair comigo?// O que eu sinto por ti é tão forte como uma pedra.
Coerência passa a ser entendida como um fenómeno que é construído na relação entre o texto e os processos que geram a sua compreensão como contexto, perfil dos interlocutores, a natureza da mensagem e o código utilizado.
Para que o texto tenha coerência, é necessário seguir princípios como o da não contradição, o da não repetição e o da relevância. Por exemplo: Todos foram convidados, excepto o Y. A coerência permite melhor entendimento sobre o texto.
Tem a ver com as ideias do texto, com os conceitos e as relações entre conceitos que o texto apresenta: de que tópicos o texto fala, o que diz sobre eles, como organiza e articula os tópicos, por exemplo, com relações de causa/consequência, ou de anterioridade/simultaneidade/ posterioridade, ou de inclusão/exclusão, ou de semelhança/oposição, ou de proximidade/distância.
Quer dizer: a coerência tem a ver com conhecimentos e informações. Ouvir ou ler um texto e entendê-lo, considerá-lo coerente significa, geralmente, conseguir processá-lo com os conhecimentos e a habilidade de interpretação que se tem e, então, avaliá-lo como compatível com esses conhecimentos. Implica que tenha lógica, que seja consiste, aceitável e com sentido.
Por: HAMILTON ARTES